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Tenho saudades, mas não te quero mais

Eu não preciso ter a inteligência de Einstein pra perceber que eu me tornei uma presença desimportante pra você. Hoje faz exatamente um mês que eu olhei com ingenuidade para você, e disse e meus olhinhos ainda brilhavam. Mas mesmo assim, eu penso em você apesar de não sentir sua falta, às vezes eu sinto um vazio, que eu não sei do quê, saio com outras pessoas, mais legais, mais engraçadas, mais lindas, mas ainda assim, penso em você. Eu não sei o momento exato que você percebeu que não gostava mais de mim. Eu adorava o medo que você tinha de eu te amar em tão pouco tempo, e do sentimento ser grande o suficiente para você perceber que vida não era aquele cubículo que você vivia, e que dava sim pra sermos felizes sem a necessidade de um rótulo, mas mesmo assim você pensou que eu merecia mais, eu merecia mesmo. De todo mundo que eu vi indo embora a sua ida, foi uma das que mais me causou um apertinho doído no fundinho da alma. Talvez porque um pouco antes, eu ainda amava sua voz de sono no telefone, e um pouco antes você ainda me escrevia textos comatosos, mas você se virou, apontou o dedo para mim, e gritou, que nunca significou nada. Eu só fui um personagem ingênuo que você usou pra enfeitar a sua lista com os seus amigos, e no seu inconsciente se vingar da sua ex, e se sentir como os seus amigos idiotas. Eu gostava de você, mas eu nunca te preferi como uma menina que te prefere porque você é um personagem muito lindo para ser preferível, ou porquê você é policial, como a maioria das pessoas que você sai. Eu nunca gostei de você pela sua aparência, pelo seu físico, ou pelo seu senso de humor, ou pelas suas conquistas, ou pelo seu jeito de descolorir a vida, eu gostava mesmo era do seu preto e branco, das suas manchas de nascença, da sua mão tremendo nos primeiros dias que saímos, e da sua falta de jeito pra ficar bem nas fotos, eu gostava de quando tu era meigo, mesmo quando dizia que nunca seríamos nada além de amigos. Eu gostava de sentir que tu era meu amigo, a fagulha de  paz que você me trazia, me fazia feliz. A ideia da sua existência me deixava feliz. O seu nariz aristocrático e a sua boca grande eram um conjunto perfeito desarmonico, que me fazia querer desenhar até a sua mancha de nascença que você tem na delonga do pescoço.

Hoje você não me trás a mesma paz, eu olho o seu rosto e você não faz os outros desaparecerem, eu não sinto meu coração bater de um modo a acelerado e calminho mais quando me falam de você, e aquelas fotos hoje ocupam uma pasta no meu computador que eu não abro mais. Eu nem lembro mais do seu cheiro, e sua voz hoje, só me é familiar, mas não lembro mais porque eu gostava tanto dela. 

Não te liguei mais, porque ouvir sua voz nunca mais será como ouvir A SUA VOZ. Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu queria te falar. Não te amo porque sua indecisão me fez ter medo de te amar. Não te odeio, porque nenhum ódio é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. E não sinto saudade porque nenhum sentimento que descreva a ausência de alguém na nossa vida, seria suficiente para expressar, o que eu realmente penso, e sinto. 

A falta que eu sinto, é que apesar de tudo, você me ouvia como se me entendesse, falava como se soubesse o que dizer. Agia como se soubesse exatamente o que dizer, onde tocar, o que fazer. Você sabe que seriamos bons amigos, bons parceiros, bons inimigos, mas hoje felizmente ou infelizmente somos apenas bons estranhos. E isso de certa forma não é agradável, pelo menos não para mim. E sabe a sua decisão de se afastar de vez, foi boa. No início, doeu, quis chorar, bater na sua porta e jogar na tua cara todas as mentiras que você me dizia, culpar você por ser a parte mais filha da puta do zodíaco, e lamentar por você ser tão covarde, porque seríamos importantes na história um do outro, independentemente de tudo que estiver pra acontecer, mas não seremos. Mas eu apenas te agradeço, porquê aquele vazio que eu sentia quando não era você nas notificações, deram lugar a novas pessoas, novos planos, novos horizontes.

Ainda bem que passamos daquela fase de briga de bar, eu não aguentava mais. Porque quando você foi embora, eu quis xingar, te matar, senti pena de mim mesma, por ter feito isso comigo, mas só te odiei por agir da forma mais cretina, nojenta e cafajeste do mundo.  Você violentou minha saúde emocional, te mostrei a melhor parte de mim, e te entreguei, e  ainda sem nenhuma menção de reciprocidade, e tudo o que você me fez foi fazer eu sentir que eu sou difícil de ser amada. Te dediquei o meu tempo pra ouvir você falar da sua ex, e te aconselhar imparcialmente. E fiz, fui melhor do que eu pude ser, e você arrancou de mim um sorriso cúmplice apesar da grosseria terrível e ainda foi embora sem nem me explicar o porquê.

Deixei você ir, e ainda disse que o sexo era ruim, e que eu só fazia porquê tinha preguiça de me envolver com alguém. Cruzei os braços, e disse que não podia fazer nada, enquanto eu passava noites planejando numa forma de voltar à ficarmos juntos. E naqueles dias ainda dormia com o celular embaixo do travesseiro. Porque até uma ligação sua bêbado, de madrugada, me querendo como última opção, podia ser melhor que o silêncio. Doeu mas não tanto assim, ontem senti saudades suas. Eu não consigo sofrer porque sofrer seria menos do que isso que sinto. Tentei falar. Convidei um amigo pra jantar aqui em casa, e encerramos a noite dançando tango. E pensei em te ligar, mas eu sabia exatamente o que você iria dizer, você se tornou tão óbvio e previsível. Tentei aceitar o abraço dele, coloquei o nariz no pescoço dele, e de repente o cheiro dele era tão bom, que eu nem lembro porquê gostava do seu. Não consigo ficar triste porque ficar triste é menos do que eu estou. Não sinto saudades, porque saudades é menos do que eu sinto.

Ainda que eu esteja numa fase bacana e sem "nós" (o que por um lado é ruim, mas é ótimo). Acho perfeitamente normal lembrar com carinho que você sempre dava um jeito de me mandar mensagens quando não podia. Estivesse você namorando ou preso num templo budista, dava um jeito. Também me faz bem lembrar que você sempre me fazia rir com suas histórias loucas. Você nunca estragava nossas noites, e sempre dispensava seus parentes distantes, pra cabermos no seu espaço apertado. Eram tão raros os nossos momentos, você dizia, que eram para ser sempre bons. E de fato sempre eram. 
Eu tenho saudade de tantas coisa, e inclusive: sua leveza. Você me dizia que jamais me mudaria, pois me adorava intensa. E assim nós seguimos, por alguns bons tempos, sendo tão parecidos ainda que tão atraídos nossa exatidão nunca foi feita para se complementar.

Eu tenho saudades de tudo. Da gente sussurrando para a sua vizinha não acordar, do seu carro sempre bagunçado, da paciência que você tinha com meus  dramas, da mania que você tinha de fingir que era eu importante, da gente fazendo amor no banco de trás do seu carro, e dos vidros embaçados, e de como era engraçado a forma que nós nos tínhamos, mesmo sem nunca nos pertencer. 
Nunca foi um sentimento egoísta e muito menos possessivo. Eu sabia que nós não tínhamos um futuro e eu não esperava que tivéssemos, eu gostava muito de você, mas hoje não sinto nada, não sobrou nem raiva, nem pena, pelo contrário, mesmo depois de você ter tornado minha vida um Caos, te agradeço. Se não fosse isso eu nunca teria percebido que no mundo existem 7 bilhões de pessoas, e não vai ser você que vai tirar o meu riso frouxo, minha serenidade, minha leveza. Eu até tenho saudades. Mas não te quero mais.

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