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De uma altruísta, para um egoísta

Sempre fui feliz, não importa a circunstância, nada tirava meu riso frouxo. Depois do meu relacionamento anterior, demorei meses para me recompor, mas isso não significa que eu estava triste não, eu me conformei.
Eu sou feliz sozinha, sabe? Nunca fiz muito o tipo de pessoa que precisa de alguém ao lado só pra se sentir mais completa. Nunca me prendi a alguém pelo pelo medo de ficar só. Nunca fui do tipo Que engata um relacionamento atrás do outro pra se sentir por cima. Eu sempre fui completa, aprendi a me bastar cedo, e tava bem assim com a minha própria companhia. Eu nunca entendi como as pessoas conseguiam ficar anos insistindo em algo que não dá mais certo. Eu aprendi do modo difícil o prazer de estar só, e eu gostava, gostava da sensação de não ter pra quem eu lugar no fim da noite, eu gostava da sensação de não esperar mensagem ao acordar de manhã cedo, gostava mesmo. Mas ai você chegou.

Eu não abri a minha porta e nem te convidei pra entrar, não te ofereci um chá, nem escancarei a porta pra você entrar. Você parecia simpático, eu nunca reparei em você antes, ainda não teria reparado se dependesse de mim, mas ai você invadiu a minha vida, naquela primeira semana era como se eu te conhecesse há anos, talvez de outras vidas, sei lá, aí você me ligou no dia seguinte e no outro e no outro e de repente eu já gostava tanto da sua voz que te ouvia mesmo com o celular desligado. Você me mandava mensagem pela manhã, e cara eu já acordava esperando que fosse você. Você me contava sobre a sua vida, e eu me perguntava porque Não o conheci antes. Não era certo, mas eu queria que fosse. Te ter por perto era errado, mas te ter longe não parecia ser o certo. Eu passei a te querer por perto, e você passou a ser presente na minha vida, quando acontecia uma coisa nova, a primeira pessoa que eu queria contar era você. E eu achei que você também quisesse, porque era o que você me dizia. Você dizia que gostava muito de mim, e não parecia ser de mentira. Cê veio, sem cerimônia, e me fez acreditar que eu não era uma nova por me deixar gostar de você. Cê me tornou inofensiva, e baixou toda minha defesa pra se manter ao meu lado, e ir embora antes que eu acordasse. Pediu um pedacinho do meu tempo e antes que eu pudesse perceber onde é que tava me enfiando eu já tava subindo pelas paredes quando você não dava um sinal de fumaça. E eu nem queria gostar de você, mas cara, Eu gostei.

Eu passei a torcer pra que fosse você mas mensagens de madrugada. Passei a torcer pra que fosse você nas notificações. Passei a olhar seu last seem, e me perguntar se também sentia minha falta. Passei a querer compartilhar com você o meu dia, e querer saber do seu. Por mais clichê que parecesse, o seu abraço me parecia ser o lugar mais seguro do mundo. Passei a te ver em todos os lugares e a te desejar em todos os lugares. Passei a ser sua, mesmo tendo jurado uma vida inteira que seria pra sempre só minha. Passei a querer saber mais de você do que de mim. Deixei os meus problemas de lado pra ouvir os seus. Deixei meu orgulho de lado pra ainda assim, suportar suas crises emocionais. Porra, cê não enxerga o quanto isso é altruísta? Eu nunca quis viver essa história, foi você quem me fez querer que desse certo, foi você que fez eu me sentir especial, mas eu não era. Foi você quem me fez abrir a alma e tirar as minhas defesas. Foi você quem entrou em mim, quem invadiu cada artéria do meu corpo, que cavou um espaço na minha vida e se mudou pra lá, foi você, parecia inofensivo mas deixou meu corpo viciado, intoxicado, com a sua presença.

Antes deu  perceber que devia fugir de você, já não conseguia imaginar como seria, eu não tive tempo de ver o que tava acontecendo e cair fora, foi de repente. Você dava todos os sinais que gostava de alguém, e eu queria só um sinal de que fosse eu. Mas numa madrugada de terça-feira você foi embora sem fazer barulho e deixou pra trás todas as promessas que havia me feito como se elas nunca tivessem tido importância alguma. Como se eu nunca tivesse tido importância. Mudou de idéia sobre as coisas que sentia, assim como a gente muda de idéia sobre qual roupa usar. Simples assim. Não houve nenhuma explicação, ou uma conversa, despedida, pedidos de desculpas, mudança de idéia. Não teve sequer uma mensagem avisando que "Não te quero mais, estou indo.". Cê nem me deu um último beijo, nem me deixou te olhar pela última vez pra eu idealizar um reencontro. 

Você foi baixo, jogou sujo, fez com que eu confiasse e me jogasse nesse precipício e desse de cara no chão. Eu vi Você gostar de mim, e mudar de idéia. Você consegue imaginar como doeu ter que me acostumar com a sua ausência? Foi foda cara, e ainda tá sendo. Mas isso vai passar, eu sei. Eu ainda tenho os meus amigos, minha família, e pessoas que se importam comigo, mas é horrível se sentir perdida, sem saber o que fazer. Ainda sou forte, sou aquela menina que dá o maior sorriso do mundo quando quer chorar, e que quando chora, ninguém fica sabendo. Sou a amiga que todos procuram quando precisam se alegrar, as vezes eu só queria pular a parte do drama, pra parte em que tá tudo no lugar. Sabe? Desde que decidimos ir para lados opostos, os dias passam vazios, tem um espaço vazio na agenda, e na minha vida...
Ainda sinto falta do modo como suas mãos tremiam quando estavamos juntos. E da forma como você me contava sobre sua vida, e eu sentia que fazia parte dela, sinto falta de ir dormir com você no telefone, e da forma como você olhava pra mim, sem dizer nada, mas mesmo assim confessava tudo, dizia mais do que você conseguiria dizer. O jeito que você falava quando tava perto de mim, mansinho, porque eu acalmava seu coração ansioso. Sinto falta de quando você perdia as palavras, e eu as encontrava. Sinto falta das nossas noites mal dormidas, falando sobre tudo e sobre nada. Sinto falta da nossa sintonia, sinto falta de quando não víamos a hora passar quando estavamos juntos. As vezes ainda abro a nossa conversa pra sentir que nada mudou, e que ainda te tenho, e mesmo não demonstrando fragilidade na sua frente, silenciosamente, ainda não consigo ter rancor de você, sou grata por todas às vezes que eu me senti tão feliz que se o mundo acabasse ali, eu nem me importaria. Enquanto todo mundo se preocupa com o futuro, eu achava incrível o agora. Aquele segundo. Que não existia mais ninguém no mundo.
Mas mesmo assim eu desejo a sua felicidade em todas as vezes que alguma recordação me abraça. Eu mentalizo coisas boas, e rezo para que você trilhe seu caminho sem obstáculos e para que todas as portas boas se abram para você. Sempre desejei, do fundo do meu coração, que você fosse muito feliz.

O que eu sei, é que você foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. E, não é porque seguimos caminhos opostos que eu vou te odiar e desejar que sua vida seja um lixo. Muito pelo contrário, eu desejo o melhor para as pessoas que amo, e que amei. E atingi o ápice do desapego quando torci para que você se acertasse com a sua ex namorada ou para que conseguisse ir sempre além do que espera.

Meu vício não é você. É saber sobre como anda a sua vida e se tudo tem permanecido no seu devido lugar. Meu vício é saber que você está se alimentando, vivendo bem, conquistando seus objetivos e sendo você mesmo. Meu verdadeiro vício é um “Como vai você?” num esbarro acidentalmente forjado.

Porque não importa quantas vezes eu te esqueça, lembrar você ainda é meu exercício predileto.

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