Me desculpe, mas eu não sei ser metade. Eu não sei doar apenas uma parte de mim. Só me entrego completa e por inteiro. E não aceito nada menos em troca. Sou completa de mais pra aceitar migalhas de alguém. Eu te amei sim. Te amei muito, pra falar a verdade. Me fiz pequena pra te fazer caber em mim e fiz isso de graça. Só pedi que você correspondesse, que cuidasse de mim como cuidei de você. Mas você só me ofereceu uma porcentagem pequena demais pra fechar negócio. E, meu bem, eu sinto muito. A saúde do meu coração e a minha sanidade valem mais do que um ou dois beijos seus nos fins de semana que você decidiu não sair com seus amigos.
Eu te dei espaço, eu derrubei os muros, abri as portas. Eu te ofereci meio caminho andado e você só soube dar pra trás. Não sei se você tem medo, se ficou assustadinho quando encontrou alguém que era mulher demais pra você, que foi honesta o suficiente pra dizer o que sentia e o que queria. E que não aceitava menos do que aquilo. Eu só sei que você teve medo. Correu. Dizendo que não estava preparado. Bem, você está certo. Você não está preparado. O risco é demais pra você, mesmo que você já não tenha muito a perder.
Mas não se preocupe, eu entendo o seu lado. Se doar pra alguém por inteiro não é tarefa fácil, exige bravura, e não é todo mundo que se arrisca. Agora é sua vez de entender o meu lado também. Entender que ceder demais uma hora faz a corda arrebentar. Que pular de cabeça em piscina vazia causa traumatismo craniano. Entender que se você não tem coragem o suficiente pra dar a cara a tapa, não sou eu quem oferecerei meu rosto.
(Autor: Aline Braga)
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