Se esbarrar comigo pelas ruas do nosso bairro, não mude de calçada. Caminhe até a mim como você costumava fazer, e diga baixinho que adorou o meu novo corte de cabelo. E nós riríamos como dois amigos que não se vêem há muito tempo. E vou
dizer que tu é bobo, e dizer o quanto adorava a sua barba por fazer. Com certeza vou encostar o meu nariz no seu cabelo, te
olhar como alguém que estava com saudade do seu cheirinho. Mas
como sempre, não vou dizer nada, você me conhece, eu sempre deixei que meus
olhos falassem por mim. Diga que pensou em me ligar, que tem tanta coisa para
dizer, que a vida não foi mais a mesma depois de mim, que às vezes sente falta das nossas conversas hás 2hrs am. Se você disser que
encontrou um novo alguém, eu vou entender, eu prometo. E direi que ela é uma sortuda, por
ter alguém como você ao lado. Se souber que conquistei algum dos objetivos que
sonhávamos juntos, me ligue para comemorar. Se você concluir aqueles projetos que você tanto sonhava me liga para me contar. Pode ser as 2 da
manhã, não tem problema, eu estarei com uma voz desanimada e sonolenta, mas eu
vou rir e dizer que me orgulho do seu esforço, que sempre acreditei em você, e
que sabia que você iria conseguir.
Se souber que ando triste ultimamente, me mande uma mensagem. Pergunte se eu
estou bem, pergunte se pode fazer alguma coisa, se foi alguma coisa que você
fez. E que está com saudade. E quando estiver triste, me ligue também, diga que
se pudesse faria tudo diferente, voltaria para novembro, à época em que você me
fez chorar. Não me deixe saber pela sua mãe que você está em um quarto de
hospital e não quer me ver. Eu ainda preciso saber que, no fundo, você ainda
precisa de mim. Eu quero acreditar.
Se sentir muita saudade, olhe meu número na sua agenda para matar a saudade,
releia as cartas que esqueci, de propósito, na gaveta do seu quarto. Tente
reencontrar nós nas linhas e entrelinhas das nossas histórias inacabadas.
Relembre os momentos em que nada mais importava. Olhe para a cama dos seus
pais, e lembre de quando não fazíamos nada além de ficarmos deitados ali,
falando sobre o passado. Enquanto eu te olhava em silencio, planejando o seu
futuro comigo. Olhe para as minhas fotos nas minhas redes sociais, e pergunte-se
“como fui deixa-la sair da minha vida?” Se não lembrar o porque estava comigo,
procure em nossas fotos. Lembre-se como você achava engraçado o meu jeito meiga
e destrambelhada.
Se passar pela rua da minha casa pergunte a alguém se
estou em casa. Diga que estava só passando e resolveu dizer um oi. Eu vou
acreditar, eu juro. Eu vou sair para te ver no portão com uma regata branca,
meu rabo de cavalo, e um short branco. Prometa que não vai implicar com o
tamanho do short, e que vai achar engraçado quando me vir usando chinelos e
meias, diga que eu fico linda desarrumada.
Quando voltarmos para aquele café que frequentávamos com nossos amigos
incomuns, não finja que não me conheça. Beije meu rosto, e sente-se para conversar
comigo, como se fossemos velhos e bons amigos. Se você não quiser conversar,
tudo bem. Apenas continue atrás de mim, e mova a cabeça de um modo que nós
possamos nos olhar ao mesmo tempo, deixe que nossas mãos se encostem
despretensiosamente. Deixe que nossas faíscas falem por nós.
Se souber que vamos à mesma festa, não me evite. Não faça doer em mim,
perceber que somos dois estranhos. Se me reencontrar nesse mesmo café com
alguém que me faz sorrir, Sorria pra mim, que eu com certeza vou acenar
discretamente, e desejar correr para você. Mas vou me conter. Peça ao garçom
que me sirva a minha bebida preferida, e no guardanapo diga qualquer coisa. E
eu vou saber que você sente saudade. Se nossos olhares se encontrarem, não
desvie. Não aja como se a gente não se conhecesse.
Se me vir andando de mãos dadas com alguém, não me odeie. Saiba que uma
história não precisa ter final feliz para ser bonita. E que eu te guardo com um
carinho enorme naquelas fotos no fundo de uma gaveta que as vezes tenho medo de
abrir e descobrir que sinto falta. Se tudo isso for muito difícil, saiba, então,
que te entendo. Que tudo bem que mude de calçada, que diga aos outros que não
fui nada pra você, que meu sorriso era falso, que meu jeito destrambelhado era
ridículo, que meu cabelo loiro não era bonito o suficiente, deixe que seu olhar
fuja do meu. Se sentar atrás de mim novamente no café, ria alto com seus
amigos, diga que nunca se apaixonou, e flerte com a garçonete na minha frente.
Olhe para a minha melhor amiga, e finja não me notar. Se eu puder, no entanto,
te fazer só um pedido, faço esse: não mate tudo aquilo que a gente foi. E, aí,
eu deixo que me esqueça em paz.
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