Nos últimos meses andava tudo muito bonito, sabe moreno? Hoje eu olho pra você e por muito tempo você foi tudo o que eu queria. Mas nos últimos dias tudo tá confuso, tinha dias em que eu passava horas e horas e horas pendurada nas suas redes sociais tentando saber como é que você estava e o que é que que andava fazendo da vida, as vezes abria nossa conversa e cara, como era triste ter que jogar tudo na sua cara na nossa última briga, e ter fingido que eu não sentia nada. E o que mais dói é ver que você tá ok com tudo isso, como se eu nunca tivesse existido, como se eu fosse apenas uma presença desimportante na sua agenda. E eu chorei e chorei e fiz as madrugadas ficarem muito mais longas me martirizando com a sua falta. Mas também tiveram dias em que eu não pensei em nós, nenhum instante, nenhum segundo, nem quando tocava as nossa música.
Sabe aquela fase de pós luto, em que a gente não sabe bem como é que vai ser dali pra frente e por isso fica tentando voltar atrás, mas não consegue porque já não da mais. Passou. Tenho saído, conhecido gente legal, e aceitei que no fundo nós sabemos que tudo o que foi não merece voltar. Acabou. Mas de vez enquando ainda me pego me perguntando, porque não eu? Desde que você resolveu sair por aquela porta, ficou a bagunça, ficou o caos. Ficou aquilo que sobra quando o amor acaba, mágoa e arrependimento, nunca sobra admiração, sabe? Um dia falei de você pra minha amiga, a Aline, e ela riu, e disse que pela primeira vez me viu falando de você sem aquele brilho nos olhinhos, sem enaltecer como era bom os dias contigo, sem Um riso se formando quando eu me lembrava que tu foi o meu amor épico. Eu não queria me desapegar das nossas lembranças, mas eu não consigo lembrar como eu te amei, o que sobrou aqui, foi um punhado de coisas feias espalhadas pela minha vida atrapalhando o meu recomeço. Eu conheci alguém também, eu gosto dele, mas o medo de amar ele me assusta muito, tenho muito medo de dar certo, e eu ser feliz com outro alguém que não tu. E olha, depois de você, ele foi quem devolveu minhas poesias comatosas, e meu batimento ansioso pra cada notificação no whats. O que me assusta é que tá sendo bom. Quando você foi embora, eu fiquei com o mais difícil, eu nem pude escolher se era o que eu queria, eu nem pude te abraçar apertadinho e dizer só pra que você soubesse como eu te amava, amava sim, amava muito. Fui eu quem ficou com a tarefa de limpar o estrago e seguir sozinha, e ainda assim sorrindo.
Quando a dor começou a aliviar e eu passei a abrir as janelas e deixar a casa ventilar fui me dando conta de que só aquilo não seria o suficiente, eu precisava de mais, então deixei ele entrar, pela primeira vez, estava com alguém por mim, e não numa tentativa frustrada de te esquecer. Eu precisava devolver tudo pro lugar certo e levar pra fora o que já não me pertencia mais. Precisava colocar tudo nos eixos, desde nossas conversas daquele 24 de Setembro até a foto com dedicatória atrás. Tinha de dar um jeito de me livrar das coisas que me lembravam você e a sua ausência. Tive que recomeçar do zero, e olha foi difícil apagar nossas conversas, nossas fotos, e a música que eacrevemos, e aquele vídeo cantando no carro. Still into you, segue sendo minha música favorita no mundo, mas eu desvinculei você dela, Cause after all this time, I'm not into you. Apaguei aquela foto usando sua camisa como pijama, e coloquei pra doação a sua jaqueta, ela não me servia mais. Aquela blusa do ac/dc que você me deu, também, eu cresci e a blusa encolheu. Preenchi o vazio que ficou na minha vida com minha vontade de ser feliz, com ou sem você. Juntei tudo e esperei o caminho de lixo passar pra ter certeza que não ficaria nada. E não ficou.
Eu redecorei minha vida, e tirei da porta o tapete de boas vindas, fiz uma limpeza aqui dentro, esfreguei cada canto da minha alma até não restar resquícios da sua voz sussurrando na minha orelha, e desejei ter amnésia só pra esquecer você cantando para mim. Eu me esvaziei porque não tava aguentando mais transbordar por alguém que não era mais meu. E por mais que me doesse admitir, nunca mais seria. Nós fizemos nossas escolhas, você primeiro, e eu sem seguida. Não dava mais pra continuar te esperando, menos ainda pra te deixar voltar. Quando você me escreveu aquela carta de aniversário, eu fiquei tão feliz por saber que você ainda se importava, mas quando pensei em algo para te dizer, não tinha nada. Então fiz a única coisa sensata que era possível e só agradeci. Cê já tinha ido, nosso adeus já tinha sido dado, não há mais espaço pra você na minha vida, agora não tem mais nada seu aqui, e isso inclui eu, que até continuo na mesma casa e na mesma rua e com o mesmo sorriso manso de quem não nasceu pra sofrer, mas já não te pertenço mais, agora eu sou minha, e a única coisa sua que eu quero, é a distância, sim, Eu aprendi que o que não te mata te torna mais forte, e foi assim com a sua ausência, antes me assustava tanto, e hoje não mais, tive que conviver com ela, e hoje somos colegas, e eu te agradeço também por ter ido embora, você me fez forte, me fez mulher, me fez perceber que eu não preciso do amor de ninguém, que não seja o meu, você me fez perceber como eu sou forte, e eu te agradeço por isso, mas você na minha vida, eu não quero mais.
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