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Estranho olhar pra você e não sentir nada

Não estou te esnobando, muito retirando as coisas que eu te disse todo esse tempo, mas ontem depois que ultrapassamos novamente o limite estabelecido por você de mantermos uma distância confortável, quando cheguei em casa e coloquei minha cabeça no travesseiro eu não senti nada. Por muito tempo passei te olhando com olhos cheio de admiração, me encantei com o seu jeito, e por muito tempo te quis perto como amante, amigo, idiota, qualquer coisa que te mantesse perto. Ontem quando eu saí do seu carro, te olhei e eu enxerguei uma pessoa vazia, eu olhei pra mim e percebi o quão vazia eu vinha me tornando pra preencher os seus buracos. Ontem eu tive a certeza de que era hora de parar, recolher os meus cacos e ir embora. Insistência tem um limite, jurei que seria a última vez, não que eu não tivesse jurado outras vezes, ontem foi diferente, pela primeira vez não senti uma necessidade de dizer o quanto eu te adorava, e o quanto eu te achava incrível. Eu senti uma paz, não em relação a você, mas em relação a mim, Eu cansei de me diminuir pra caber nos espaços mínimos que você tem para me emprestar em um fim dessas terça-feira em que não há nada pra fazer. Insistência tem um limite, e aquela linha vermelha abaixo de zero se chama dignidade. É muito difícil percebemos que está indo embora a dignidade quando insistimos em alguém, ainda mais quando percebi estar dedicando muito mais do que recebo. A reciprocidade está longe de se equilibrar entre nós.
Ontem foi a última vez que eu me permitir ficar mal por que você não calculou o peso das suas palavras antes de jogar em mim. Ontem foi a última vez que eu deixei você saber que eu tinha saudades. O meu corpo foi feito para rejeitar qualquer tipo de altruísmo cego, te amar enquanto você fica aí, me tendo guardada na sua estante, sem saber o que fazer comigo é auto-destruição.
Hoje eu percebi o quanto eu tive de insistir para que você olhasse para mim, para que sentisse minha falta, para que demonstrasse um pouquinho que eu sou bem-vinda, ou que note um pouquinho que eu senti sua falta, sabe era hora de parar. Eu percebi que quando temos que insistir para alguém ficar, está na hora desse alguém ir. Lutar com dignidade, tudo bem; insistir com altruismo, Não.
Você nunca vai conhecer os meus medos, meus lados, minhas inseguranças. Você nunca vai saber o quão forte eu sou apesar da versão frágil que você viu. Você nunca vai saber como sou, depois de acordar pela manhã, e eu jamais poderei comparar você à sua mãe. Não sou a garota que vai  te fazer rir quando estiver triste, nem dizer que "Te amo" na viagem de volta da casa da sua mãe.
Breve voltaremos a nós desconhecer, vamos nos lembrar um do outro apenas superficialmente. E quando nós vir na rua, pode ser que arqueamos a sobrancelha por educação, ou pode ser que eu finja estar distraída olhando para alguma vitrine. Pode ser que daqui há algumas décadas, a gente de esbarrar por aí, e lamentamos silenciosamente, por pensar que sabíamos o suficiente e dizer que foi melhor assim.
Mas é sempre tão triste uma historia pela metade. Fomos estúpidos demais ou foi imprudência? Você gostava de mim mesmo? Ou só era físico?
É uma pena quando deixa de ser amor, mesmo sem nunca ter sido. Não há nem lembranças boas, ou algo que valha apena ser lembrado. Porquê nós nunca fomos nada. Levou um certo tempo para que eu percebesse que nunca seremos uma historia de verdade. Somos só mais uma quase historia de amor perdida no meio de tantas outras que também não aconteceram.
Sempre achei que precisaria de uma coragem absurda para tomar a decisão de ir, e deixar você com a sua vida, enquanto eu deixo outra pessoa ultrapassar as barreiras que eu mesma criei. Sem nunca saber o que poderíamos ter sido se deixássemos acontecer. Poderíamos ter sido incríveis ou desastrosos, poderíamos ter sido. E algo em você me causava a sensação de estar deixando um monte de coisas maravilhosas para trás.
Eu nunca saberei se havia coisas maravilhosas mesmo em você, ou se eram os meus olhos míopes me fazendo enxergar coisas, onde não tem nada.

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