Ontem eu jurei pra mim mesma que não ia mais escrever sobre você, falar sobre você, ou lembrar de você, mas aqui estou me contradizendo, ontem no calor da briga joguei umas coisas em você, que no fundinho não é verdade. Disse que eu não me importo, e que eu nunca senti nada, eu senti sim, senti muito. Mas infelizmente eu já nem consigo mais me lembrar o que é que você tinha de tão especial que me fazia querer largar tudo só pra poder estar ao seu lado. Perdi as contas de quantas vezes eu me esqueci num canto pra não ter de esquecer você, de quantas vezes deixei que as suas facas afiadas em forma de palavras, não me afetassem, pra eu continuar te vendo melhor do que você era. Perdi as contas de quantas vezes deixei você ser grosso comigo, porque acreditava que era uma fase ruim. Perdi as contas de quantas vezes deixei pra lá porque eu tinha medo de que nessa a gente se perdesse um do outro de vez, perdi as contas de quantas vezes deixei você mentir pra mim, achando que você gostava mesmo de mim. Perdi as contas de quantas vezes deixei meus amigos de lado pra ouvir você no telefone, perdi as contas de quantas vezes fui mais sua do que minha. Eu nem consigo achar uma explicação que me convença de que você valia tudo o que eu perdi.
Agora quando eu te vejo só enxergo razões pra mudar de calçada ao te ver, e me pergunto como é que eu pude ficar tanto tempo aqui e desperdiçar minha vida com alguém tão minúsculo. Como eu pude te entregar meu coração, assim? Como pude deixar você mentir tão bem? Não sei o que você fez pra conseguir me fazer acreditar que cê merecia que eu me esforçasse do jeito que me esforcei, que eu me dedicasse como me dediquei, e nem como foi que me manobrou pra eu pensar duas vezes antes de deixar você ir embora, você conseguiu me convencer por certo tempo de que eu era uma pessoa difícil de ser amada, e que cê era muito mais do que eu merecia. Por muito tempo minhas amigas me perguntavam " O quê você viu nele?" e eu explicava todos os motivos pelo qual tu era lindo, era o seu coração bondoso, sua alma maravilhosa. Mas não era. Eu me rearquitetei, me desmontei, tanto, pra conseguir me encaixar no espaço pequeno que você tinha em você que comecei a acreditar que eu era pequena também, mas aquele espaço pequeno que você mostrava, só cabia você.
Não consegui perceber o que estava acontecendo comigo, você mudou, transformou nosso diálogo em um monólogo, parou de dizer que sentia muito, é passou a sentir nada, e eu nem enxerguei o que eu tava virando porque estava tão hipnotizada te achando incrível que nada mais importava, nem mesmo eu, nem mesmo as suas mudanças de humor. Eu vi as coisas que eu deixei de lado pra enaltecer os seus problemas, e me vi deixando o orgulho de lado pensando que as suas crises emocionais, e sua bipolaridade sentimental, era só uma fase ruim, e passei a me envergonhar do que eu tava me tornando pôr sua causa. Não importava o quão bonzinho você parecesse e se você cozinhava bem e se declarasse pra mim, e escrevesse textos clichês para mim, eu não tinha que me deixar pra você gostar de mim e quando eu te soltei você foi embora porque no fundo cê nunca quis ficar. Eu até sofri um pouco e chorei e pensei que talvez não fosse conseguir superar, imaginava uma vida vazia sem você, e não conseguia me desligar de nós. Mas eu consegui. Consegui porque na nossa última briga, eu acabei começando a olhar a nossa história de um ângulo diferente, comecei a te olhar de um ângulo diferente e de repente o cara que eu achei que amei e coloquei no topo da minha lista, e engrandeci para as minhas amigas, e agradecia a Deus por tê-lo conhecido, não era a mesma pessoa, ou talvez não a pessoa que eu queria que fosse.
Hoje eu não sei mais o que eu vi em você porque na verdade você nunca foi o cara que eu via. Eu sempre te enxerguei melhor, Não tenho como encontrar ai dentro aquelas qualidades que eu tanto aplaudi e listei pras minhas amigas, pois elas nunca foram suas. Eu me apaixonei por um personagem que eu inventei, pelo cara que eu queria que você fosse e te fiz ser na minha cabeça, mas ele nunca existiu. A gente cresce lendo personagens do John Green, e eu te associava a Margo Roth Spiegelman, mas você é só um cara, com uns problemas emocionais, crises existenciais preso numa vidinha mais ou menos. Hoje eu olho para mim e vejo como fui burra, Você nunca foi maravilhoso e especial e único, pelo contrário, agora eu vejo que você é bem comum. Eu queria que cê fosse o meu príncipe encantado, te transformei nele, mas na verdade você não é nada do que eu algum dia eu desejei pra mim.
Nenhum comentário
Postar um comentário