Ele não conheci ele no jazz, muito menos nos anos 90. Conheci ele na infância, mas nós nos apaixonamos no final do ensino médio. Ele tocava em uma banda de rock, e isso parecia descolado – onde tocavam tudo menos rock. Ele fazia academia. E eu acompanhava a minha prima para o balé. E ele estava lá. Correndo perdido em algum devaneio ao som de Red hot chili peppers.
Eu falei com ele pela segunda vez na vida, aos 17 anos. A primeira éramos crianças. Naquele dia ele me pediu pra substituir o guitarrista dele na banda da escola. Eu aceitei, claro, era uma música do Metallica, eu não conhecia o ritmo, quem me visse tocando a guitarra dele, nem notaria que eu não fazia ideia do que tava fazendo. Foi paixão à segunda vista. Só pra mim, acho.
Passamos algumas madrugadas conversando no MSN ao som de Blink 182 e Goo Goo Dolls, depois passei a matar aula pra passar mais tempo com ele.
Começamos a namorar quando ele tinha 20 e eu 19, mas parecia que a vida começava ali. Vimos todas as séries. Algumas várias vezes. Não fizemos nenhuma receita muito menos de risoto. E nem queimamos algumas panelas de comida porque a conversa tava boa. Nem escolhemos móveis sem pesquisar se eles passavam pela porta. E também não escrevemos nada juntos. Nós assistiamos futebol aos domingo, brigavamos pelo controle da TV e fazíamos as pazes todas as terças-feiras, jogávamos videogame a noite inteira. Fizemos uma dúzia de amigos novos e junto com eles atual namorada dele. Sofremos com a distância, riamos a noite inteira no Skype. E a cada 10 brigas nossas, oito eram pelo controle da TV, e duas era por causa de futebol. Das dez músicas que mais gosto, sete foi ele que me sugeriu. As outras três, quem compôs foi o John Mayer.
Um dia, terminamos. E não foi fácil. Choramos mais que no o Adiós RBD. Mais que no final de "Titanic" quando o Jack morre, mais do que em "Marley e eu". Até hoje, não tem um lugar que eu vá em que alguém não diga, "Eu pensei que vocês se casariam" Parece que, pra sempre, ele vai fazer falta.
Essa semana, eu Li o texto que o Gregório Duvivier escreveu para a Clarice Falcão —não por acaso uma história de amor, pelo marketing talvez. Às pessoas o rotularam de doente, por ainda lembrar dela, o que eu queria era gritar para os quatro cantos do mundo que eu o entendia. Achei que fosse chorar, porquê eu também tive um amor da minha vida, pode parecer clichê, e é. Mas o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter vivido isso é com ele. Não vivemos um desses amores que são documentados nos filmes, nossa história não saiu da minha lixeira eletrônica. No máximo que ganhou, foi certo espaço em alguns dos meus textos. E um espaço vazio na minha cama, que inclusive o caberia tão bem.
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