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Sobre alguém que foi embora

Você não faz ideia de quantas noites, deixei de sair com os meus amigos pra escutar os seus desabafos no telefone,  você não faz idéia de quantas vezes eu fui dormir chorando, me perguntando o que eu tinha feito de errado pra você mudar tanto, é também não tem ideia de como eu me contive pra não demonstrar fraqueza na sua frente, quando você dizia estar interessado pelas minhas amigas, não faz idéia de como eu ganhava o meu dia quando você ficava horas no telefone comigo e dizia que eu era importante pra ti, e não faz idéia de quantas vezes eu me fiz de indiferente pra não parecer uma boba na sua frente, cara você não tem idéia das noites que eu perdi fingindo que não me importava enquanto passava noites planejando uma forma de volta a sermos o que éramos antes. Você não faz idéia de como eu fingia estar apaixonada por outra pessoa pra você ficar com ciúmes, e demonstrasse que ainda se importa, e você nem imagina como meu coração ficava quando você dizia que tinha conhecido alguém, torcia para os seu signos não combinarem, você não tem idéia de como eu ficava quando você passava dias sem dar notícias, e quando o telefone apitava eu saltava da sala pra cozinha na esperança que fosse vocé, mas não era você, nunca era você. Foram incontáveis noites me perguntando onde você estava, e se também tinha saudades, e se também esperava uma iniciativa minha, eu achei que enlouqueceria sem saber se você tinha encontrado com alguém melhor que eu nessas festas que você ia só pra sanar sua abstinência e se sentir menos sozinho. Você não tem idéia do mal que você me causou, e das longas noites de espera que você nunca veio, e das vezes que eu ia dormir me martirizado porque via o seu "Online" e sabia que você tinha outras prioridades que não eram eu, você não tem idéia de como eu acordava pela manhã e abria o telefone numa esperança ingênua que fosse você nas notificações, eu ampliava cuidadosamente a sua foto do perfil para que o aplicativo não ligasse para você, na esperança de que você sentisse minha falta, abria o seu perfil na expectativa de ter algum compartilhamento de uma página qualquer, pra alimentar minha esperança e me fazer sentir que eu ainda podia continuar esperando por você.

Eu colecionava imagens pra te mostrar pro dia que você sentisse saudade, e resolvesse me procurar, incontáveis noites fui dormir me perguntando se um dia você viria e chorava cada vez que eu me dava conta que as pontes que nos ligavam haviam quebrado, e a distância só aumentava. Você não veio, esqueceu da gente assim como um portador de Alzheimer esquece sua família, me esqueceu como se tivesse batido com a cabeça e tivesse tido amnésia.

Você me transformou em um decalque na sua estante, me tornei a sua terceira opção, você só vinha quando precisava sentir que existia alguém que se importava com você, você só vinha quando sabia que mais ninguém se importava tanto assim, só eu. Você foi baixo, transformou minha vida Alegre e feliz em um eterno drama, me enfiou na sua vida mais ou menos só pra me ver morrer pelas beiradas porque não me cabia, nunca fui sua primeira opção, nem mesmo a terceira, eu era a última, porque você sabia que de todas elas eu era a única que te esperaria, que suportava suas crises internas se m reclamar, sem pedir pra que você mudasse. Em meio em todas aquelas pessoas vazias que você conheceu na balada, eu era a única que te esperava, ficava em casa me perguntando se você tava bem, era a única que queria saber, era a única que te entendia, te compreendia, e respeitava o seu espaço, e ainda me desdobrava pra te pôr pra cima mesmo quando estava nos piores dias, era a única que me importava.  Era. Aí você fez as suas malas e resolveu sair pela porta, doeu sim, chorei muito por dentro, e por fora? Ah o meu sorriso. No fundo eu sempre soube que você era pouco demais para mim, você era raso demais, você era morno demais pro meu coração em ebulição, e eu nunca precisei ficar com as sobras de alguém, com as migalhas. Demorou, mas aí eu passei a olhar pra você, e der repente o encanto havia acabado, você é só um cara, nada demais, mas sabe eu me apaixonei pelo seu coração. Um dia alguém me disse “enquanto você continuar assim, vai ser cômodo pra ele” e era, você sempre foi um fraco, um covarde, virou as costas pra única pessoa que esteve lá por você quando mais ninguém estava. Enquanto eu continuasse lá você continuaria com as suas idas e vindas e ainda teria eu, que era sua amiga e incrivelmente apaixonada por você.
Que coisa mais traiçoeira enxergar as pessoas melhor do que elas são, Paixão cega as pessoas, hoje eu olho pra você é sinto dó de mim por ter feito isso comigo.

Eu admito que estava feliz até certo ponto, demorei aceitar que você não era mais o mesmo, por mais que eu ainda te enxergasse melhor do que você era, nada valheria apena, porque você mudou, você mentiu, você trapaceou. Você começou a usar frases prontas e nunca ligar na hora certa. Hoje você é apenas um estranho, alguém que eu não conheço, e nem sei se eu conheci, alguém que não me incomoda e que está presente apenas num passado remoto que ainda não esqueci, mas eu vou. Ainda lembro que você ameaçou ir embora, e achou que eu fosse chorar, dramatizar e demorou pra perceber que eu já tava forte o suficiente pra te enfrentar de frente e te mandar embora, ou pra puta que pariu na primeira ameaça. Disse que aquela era uma despedida e se despediu da forma mais fria possível, e eu me despedi da mesma forma que eu te conheci, com um sorriso no rosto.
Adeus meu querido, até nunca mais.
Pode ir embora, não vou impedir você de ir, tampouco abrir a porta pra você caso mude de idéia. Hoje não espero que você me ligue, ou mande mensagem ou algum sinal de fumaça. To curada dessa história. Tô curada de você, curada dos planos, das suas mentiras, das nossas lembranças que hoje são poeiras, curada das noites em claro, to curada das conversas antigas, de você do outro lado da rua, inclusive, da esperança que eu alimentei com as migalhas que você me dava, e não esquece de fechar a porta quando sair.

Logo em seguida eu soube que você saiu falando mal de mim por aí, apesar de ter ouvido e sentido cada palavra como uma facada, percebi que a imagem que eu tinha de você era totalmente equivocada. Eu teria te perdoado se você tivesse pedido desculpas, se tivesse me procurado para olhar nos meus olhos e reconhecer que você estava errado. Nem, ao menos, disse que sentia muito. Teria sido diferente se você tivesse admitido que errou.
Mas nada disso aconteceu, então eu deixei que você fosse, ainda com lágrimas nos olhos e sangue nas costas, de cada facada em forma de palavras. Quando eu amo, eu amo até o fim. Mas você quis testar o oposto do meu amor, e bem você conseguiu.

Você foi o primeiro a desistir, a soltar a minha mão e correr na frente, Palmas para você. Mas eu? Como sempre não vou correr atrás. Sabe o papel que você desempenhava na minha vida? Pega e rasga.
Não te dei meu coração inteiro para você estilhaçar. Eu posso aparentar ser forte, mas sou fácil de quebrar, sou uma caixa de papelão com um enorme adesivo escrito "frágil". Eu quebro como vidro, mas também corto.
Eu não vou guardar rancor, porque no meu coração enorme, só tem espaço pro amor. E apesar de tudo, incontáveis noites já fui dormir sorrindo por sua causa, Não vou conseguir fingir que você não existe se esbarrar com você por aí. Eu derrubo o que tiver nas mãos, tropeçarei, e capaz de até cair em cima de você só no susto. Não sei fingir não sentir o que eu sinto, e embora o que sinta seja uma eterna guerra interna, e eu esteja curada de querer saber de você, não estou preparada pra te ver novamente. Pode ser que eu te desculpe, mas você novamente na minha vida eu não quero.

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