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Mais uma crônica de amor

Eu vi sua foto no álbum da sua avó, de férias na Jamaica, com sua nova namorada, ela é uma garota de sorte. Você está tão diferente, e crescido com um smoking preto, me fez lembrar de uns 3 anos atrás no casamento na praia da sua tia, você trajava um terno preto e uma gravata preta, ainda lembro que você disse que não esperaria o casamento terminar pra saber o que tinha encima das pedras, e então fugimos, e quando voltamos sua mãe estava maluca. Parece até outra vida, você e eu e os nossos grandes sonhos, apaixonados, como duas crianças no banco de trás, rindo da roupa dos convidados, também lembro das identidades falsas para entrar naqueles bares, e da gente fugindo do mundo e se escondendo no topo do edifício. E de você segurando minha mão na tirolesa, ainda posso sentir meu coração acelerado.
E hoje você está diferente, cortou o cabelo, usa gravata e sapatos que combinam, será que ainda ouve as mesmas músicas? Será que é apaixonado por ela? Será que está feliz?
Você a olha como me olhava?
Eu ainda tenho o primeiro anel de plástico que você me deu, ela tem um de diamante, eu tenho aquela foto nossa de férias na Bahia, e ela tem um ensaio fotográfico desses que colocam em convites de casamento, Eu tive o primeiro beijo e ela vai ter o último, ela tem todo o futuro, eu tive passado.
Ontem quando eu saí do curso de alemão me sentei numa cafeteria só pra pedir um capuccino e conversar com o atendente, e ele perguntou sobre você, assim como todas as vezes que me sentei ali, sempre passamos metade do tempo falando sobre você, a outra metade sobre as pessoas que não são você. Ontem, logo pela manhã, ele me perguntou, o que você tinha de tão especial pra me deixar tão encantada, tão apaixonada, tão presa, e logo me veio à mente aquelas férias em Porto Seguro, em que minha mãe deixou eu viajar com você e os seus pais, e nós saímos e nos perdemos na cidade, e dormimos na rodoviária, eu acordei no seu braço, não me pergunte porquê, mas eu me sinto tão bem falando de você, você ainda é o herói cafajeste que compõe minhas histórias mais bonitas. Eu ainda enxergo você da mesma forma, e tenho muito orgulho de contar aquelas aventuras, Dizem que quando um escritor se apaixona por você, você nunca morre, e nas minhas crônicas você tá bem vivo. Eu não sou mais a mesma. Eu Parei de tingir meu cabelo de Rosa, ainda tinha o seu skate guardado até semana passada, eu dei ele pra uma criança daqui do meu bairro, eu não aguentava mais olhar pra ele, e refletir um passado utópico e distante. Fiz o que você me dizia pra fazer, deletar as coisas ruins e acentuar as coisas boas. A minha mãe disse que ando mais alegre. O rapaz da cafeteria disse que quando eu falo de você, ele ainda nota um brilho nos olhos que eu não consigo disfarçar. Eles ainda não sabem, mas, se eles te conhecessem, entenderiam. Você já me fez tão bem, inúmeras vezes já fui dormir feliz, por sua causa, às vezes acho que nunca mais serei feliz daquele jeito, mas eu vou ser sim. Eu já entendi que felicidade não é sinônimo de romance ou relacionamento sério.
Eu vi sua foto com a sua namorada de férias na Argentina, no álbum de fotos da sua Avó, confesso, no fundinho fiquei imaginando e se fosse a gente. Sim eu visitei sua avó, ela ainda faz o segundo melhor café do mundo. Eu conheci a senhora da floricultura de quando você me mandava flores com o cartao de lá, ela me disse que te conhece, ela enalteceu que você encomendou orquídeas negras uma vez, e também acrescentou como você é gentil e educado. A neta dela está ocupando o cargo de floriculturista agora, ela vai adorar conhecer os olhos que me fizeram apaixonada um dia.

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