Eu queria que você soubesse que quando eu te disse que não me importava mais, na verdade, eu ainda me importava. Quando você ameaçou ir embora, eu disse que a porta estava aberta, mas eu torci muito pra você mudar de ideia e percebesse o que estava deixando pra trás. Quando eu disse que eu não gostava mais de você, eu ainda estava ali, gostando de você perdendo o meu tempo como todas as vezes.
Eu me importava mesmo quando eu não admitia, eu fui a única que esteve lá quando mais ninguém estava, deixei meus problemas de lados pra te ajudar com os seus, te apoiei mesmo quando você só fazia merda, lembra quando você se sentia mal? Eu estive lá pra te pôr pra cima, todos te deixaram, e eu fiquei, eu gastei todas minhas palavras, e os meus gestos mais altruístas, e até a minha energia pra te confortar. Eu continuei ali, enquanto todo mundo me aconselhava ir embora, eu ainda te olhava de um jeito bonito, quando todos os outros faziam piada de você. Eu te botei pra cima, mesmo quando o meu mundo desmoronava. E quando você chorava por outra pessoa, eu fiquei lá, e te dei todo espaço do mundo pra você ficar feliz, e se sentir confortável novamente. Eu te aceitei assim, sem me importar com sua aparência, ou as suas conquistas, te dediquei minhas músicas favoritas, e até desenhei seu rosto numa folha em branco, você sabe que seriamos bons amigos, bons parceiros, bons inimigos, mas hoje felizmente ou infelizmente somos apenas bons estranhos. Você vai embora, e eu só vou lembrar que você agiu da forma mais nojenta, covarde, cretina e repulsiva comigo, quando eu te dei o meu melhor sorriso, quando o motivo do seu era outra pessoa, quando você terminou seu pseudo-namoro e ficou mal, e tudo o que eu fiz foi ligar pra ti, e demonstrar que eu me importava, e que mesmo eu não estando nos melhores dias, te ajudaria a te por pra cima, e tudo o que você fez, foi fazer eu sentir que eu sou difícil de ser amada, e que não precisava de mim. Te dediquei o meu tempo pra ouvir você falar da sua ex, e te aconselhar imparcialmente. E fiz, fui melhor do que eu pude ser, e você arrancou de mim um sorriso cúmplice, apesar da grosseria terrível e ainda foi embora sem nem me explicar o porquê. Naquela época eu só queria que tudo ficasse bem entre a gente, que ainda tivéssemos aquela empolgação de nos ver, e passar horas no telefone, mesmo quando o assunto eram outras pessoas. Eu só queria aquele você de uns meses atrás, eu não te odeio, nem guardo rancor, porque apesar de tudo, você já me faz ir dormir sorrindo, já me fez acordar sorrindo, mas eu não te perdoo dessa vez!
Chegamos num ponto que não sobrou nem palavras bonitas pra acrescentar na despedida. Aos poucos, as coisas boas foram ficando pra trás e a gente nem percebeu. Aos poucos você que era primeiro pensamento ao acordar, se tornou o motivo pra eu mudar de música quando ela me fazia lembrar o que aconteceu, aos poucos a gente foi se desfazendo, e você que era o contato favorito no meu telefone, hoje não ocupa mais nem um lugar na minha agenda. Aos poucos aquele sentimento de paz que me fazia acordar estridente, se desvaneceu.
Nossa última conversa foi um pouco áspera, eu sabia que seria a última vez, mas eu esperava que fosse mais, um despedida que acendesse a esperança pra um reencontro, pra daqui uns anos, quem sabe, mas não. Talvez falei bem mais do que deveria da forma que não gostaríamos de ter dito. Te disse que tava indiferente, de fato tá mesmo. Mas não estava, eu deveria ter te agradecido, e principalmente, por ter me feito desistir de você, por ter saído da minha vida, e me feito perceber que o mundo não era você, nunca foi, e que você é só um cara, com uns problemas emocionais, e excesso de auto-estima, não que isso seja ruim, mas o seu problema é achar que você é o ser melhor do mundo. Quando tu foi embora, fiquei mal, mas ficar mal e sem você foi bem melhor que permanecer mal e continuar ao teu lado. Eu tinha muito medo. Eu tinha medo de não poder te ver nunca mais, medo de ter que mudar de calçada, medo da minha vida ficar vazia, medo por não saber como ficariam as coisas sem você e como eu seguiria sem te contar sobre a minha vida, e ouvir os seus conselhos. Não vou mentir, senti a sua falta sim. Quando o telefone tocava, sentia uma esperança besta que fosse você, mas nunca era você mas notificações, com o tempo você sumiu das minhas músicas, dos textos da Tati Bernardi, das notificações, e das minhas lembranças.
Mas tudo bem, não sinto sua falta, a pessoa que eu gostava foi embora há muito tempo, foi substituída por você, e desse novo "você" eu não gosto mais.
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