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Eu disse que seria a última vez

e onde eu estou? Aqui, novamente parada à sua porta. Me afogando em contradição. Eu tenho tem essa aptidão para desastres internos, o problema é que sua falta tava me sufocando, eu precisava olhar para os seus olhos e ter certeza. O problema é que eu me apeguei aos seus olhos que tantas vezes subestimaram os meus, à sua conduta duvidosa, aos sons que saíam pela sua boca, e pelo seu silêncio inexpressivo, me fazendo questionar o que eu fiz de errado, e infelizmente, ao comodismo. Eu não te amo, isso não é amor, mas eu te quero, não é tão mal assim aceitar que o comodismo nos pegou quando ele pode ser entendido de uma forma visceral: encontramos alguém- ou a representação borrada de quem gostaríamos que ela fosse. Sendo comodismo ou afeição à ideia de seguir em frente, me apeguei de forma fidedigna, como quem agarra o pai no susto com o palhaço na primeira ida ao circo. agora - agora noite ou dia - somos ovelhas desgarradas, perdidas. toda a nossa burocracia sentimental e psicológica não vai nos dar abrigo, nem comida, e, muito menos, amor, mas ela nos manterá ilesos.

na noite em que o mundo se desintegrou e só restou o seu quarto em chamas eu quis te dizer que você me salvou, de certa forma, me salvou do buraco negro em que eu me encontrava, Acontece, que quando nós conhecemos um amor, desconhecemos todos os outros, em certa parte, subitamente, ao pensar estar parcialmente salva, caí. Ninguém me empurrou, nem mesmo eu. Cair outra vez e de novo e novamente é necessário, sei. Porque você é um abismo, e eu um pássaro que não sabe voar o sofrimento literal e vivo da queda não foi pelo atrito do corpo com o fundo do poço e sim porque, meu deus, como eu queria ter segurado sua mão por mais alguns choros e mais algumas madrugadas infernais. Eu te odeio, por me fazer te querer, a culpa não é sua, não é nossa, não existe culpa, só existe eu e você, e ambos somos lados remotos de um psicopata. O inferno é a lucidez, nós a temos, e foi ela quem decretou o suposto fim do jogo. Ninguém ganhou, ninguém perdeu, não foi o fim. não espere jamais me encontrar, porquê você irá. Meus demônios me convidam pra jantar e assistir o caos da janela. E o inferno é aqui, no meu peito trago lembranças de um amor exorbitante, e o remédio é fugir em direção a você, um abismo, e eu não sei o que me espera lá embaixo.

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