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Amar

Eu olho para o teto e finjo sobriedade. -Alô? Sou eu. Eu peço silêncio ao cachorro e me incomodo com o barulho que o silêncio faz. Essa distância tá me destruindo e eu não falo com você desde semana passada. tudo bem, eu repito. tá tudo bem. Nós soltamos a fumaça do cigarro pro lado porque a morte tem um cheiro desagradável, mas nos suicidamos lentamente quando nos enterramos junto ao caos dessa necessidade, de ouvir a voz de alguém. Eu sou capaz de me manter viva apesar do desastre sísmico evidente, e da maré em meus olhos. E foda-se a obviedade dos meus sentimentos. Tudo que é real alguém já viveu antes e julgou antes e condenou antes porque é essa porra de tempo que nos prova convictamente dessa saudade massacrante toda vez que passa. O presente é uma vadia. e você paga, e depois xinga de ingrata, faz poesia, e até dedica alguns refrões do caetano. Depois diz que não acredita no amor. Hipocrisia mata, meu bem. escrever não salva sua alma. E orar para Deus não diminui o tamanho do seu pecado. eu não consigo manter a calma. Talvez eu vá dormir no seu jardim. Quem sabe eu acordo no meio da lama. parece menos sujo do que esse amor.
Eu posso cometer muitos erros, ser uma daquelas vadias desesperadas que desconta sua carência afetiva no banco traseiro de alguém que talvez não saiba o nome, mas é que ter um coração destroçado nos trás essas e outras milhões de ideias tolas, mas todo o meu amor foi real.
Mesmo que amar seja colocar uma arma na mão de outra pessoa, direciona-la para nossa cabeça e pedir, com uma esperança absurda e ingênua, que ela não atire.

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