(…) olhe o que fizemos pela falta de amar um ao outro. e se culpe, em nome de toda a tua futilidade sagrada. só quando você disser que nunca me amou, eu vou ter certeza que houve amor. eu digo que um pedaço da minha existência medíocre ficou encravada em alguma parte do teu corpo. eu não sei qual. pode ser no coração, como um clichê de merda, ou pode ser no pé, sem causar dor nenhuma, algo mais puxado pro lado da tua imundície, porém algo original. se erramos foi porque nosso marketing estava bom demais pros meus dias sem movimento. quisemos ser diferentes porque nós dois temos um senso de moral e ética desumano e a boa e moralista filosofia não quer nem desmaiar no chão onde desabamos. é tudo tão vago. e maravilhoso ao mesmo tempo. é maravilhoso dizer que a vida sem você continua, mas ninguém explica que ela continua andando pro lado errado, porque o lado certo seria a morte. a morte exagerada ao teu lado, mastigando vômito e ouvindo um blues. mas somos um ninho de individualidade, egoísmo e sadismo. somos um jogo comprado. Você viciou os meus dados, a minha língua e a minha loucura. o que foi além disso? essa poeira que cobre o céu, amor, vai ficar pra sempre. Essas estrelas têm gosto de pão dormido. alimentam só o que há de mais instintivo dentro de mim, e a falta que sinto de você é uma fome parcialmente gourmet, uma amostra do pesadelo e do meu desequilíbrio que evitei reconhecer durante todos esses anos. (…) eu precisava que alguém me suportasse e fosse embora, mas você limpou seus pés sujos de um passado mesquinho no meu tapete de boas vindas. e desde então, ninguém mais entrou. sinto falta do cheiro de lixo que você me trazia. ele espantava. e fazia a dor ter sentido contrário. sinto falta do amor que eu nunca senti por você. sinto falta de ter uma parcela de mim se enganando, permanecendo não existindo. porque se for pra existir sozinho, eu não tenho mais espaço.
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