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Eu que não te conheço, te conheci

Quando o assunto acabou pensei que era hora de ir embora, deixar pra lá. Quando o dia chegou quis ser daquelas pessoas que protagonizam o seu primeiro pensamento ao acordar. Mas quando acordei pela manhã, vi que não tinha como voltar a sermos, o que fomos na noite passada.

No nosso íntimo não negamos. Embora na luz do dia sejamos tão experientes em fugir um do outro. E não tem trilha sonora, filme ou livro que distraia. E não tem amigos que acreditem. E não tem "nós" que não se forme. Quando tudo escurece, é quando a gente se confessa e ninguém nunca precisou falar.

Percebi que você também conta os dias, que lembra dos momentos, das falas da sua ex namorada... Que vai guardando consigo recordações mesmo que não admita nem para você. Se enche de pessoas vazias pra se sentir menos incompleto. Quem sou eu para te julgar? Percebi que estamos montando um livro bonito, um álbum de fotografias com sorrisos escondidos e olhares confidentes. Coisas que o mundo quase não nos deixa expressar. No turbilhão que é se apegar, você me abraça sem falar, me beija quase sem querer, me pede pra ficar, e eu sempre escorrego pela suas mãos como peixe.

Você é a crônica de uma noite bonita que não escrevi porque estávamos ocupados vivendo outros amores. É a solução que eu adio por não saber sentir amor. É o tal cobertor para o inverno que me esquenta demais. Então, se é assim, por que nós somos tão... assim? Se tudo é assim, o que mais nos falta ser? Estamos aí, à deriva do futuro palpável. Somos acidente de carro sem airbag: sabemos o impacto, somos a colisão de duas aeronave no espaço. Mas hoje só hoje vou deixar os amores de lado para falar de você.

E eu sei que a noite Não nos reserva nada, além do barulho do vento transitando de janela em janela, mas só por agora... você quer passar o dia aqui? Amanhã eu mudo o roteiro.

Não há amor que resista a uma dose de indiferença.

Carta Perdida

Eu te amo desde que eu tinha 19 anos de idade… Ou talvez 20, não lembro. Você me ensinou a pescar, me ensinou sobre a natureza, me ensinou jogar basquete, me acolheu com meus dramas e minha eternas crises internas. Foi o primeiro a abrir a porta do carro, e o primeiro a me dedicar uma música, o primeiro a me levar pro mundo e brincar de amar. Me fez gostar de Red Hot Chili Peppers e John Mayer, me fez ter crises de risos com suas piadas e suas cócegas… Eu era sua menina, sua amiga, sua estante que suportava o mundo por nós, você me ensinou a não ser tão frágil, mas eu ainda sou, você me levou pra conhecer o mundo, e brincava de me amar. Você me ensinou a jogar futebol e me levou pra assistir Sertanejo, eu que odeio sertanejo, você me fez entender porque funk anos 80 é bom, e me dedicou uma música de funk anos 80… Me levou no estádio de futebol pra ver o flamengo perder pro vasco, e questionou meu amor pelo São Paulo fc. Eu esperei pelo teu amor toda a minha vida. E um dia você veio… com essa alegria contagiante, nós nos achávamos e nos perdíamos e enfim eu me plantei ao teu lado só pra ouvir a tua gargalhada todos dias. Você me buscava no Colégio, e zombava do meu moletom, e até me entregava o seu quando fazia frio. Me empurrava no balanço, e me segurou nos ombros no show do Jorge e Mateus. Não era amor, daqueles mais sinceros, era? Você dizia que me amava, como nunca havia amado antes, eu tinha medo de dizer que te amava e não te amar mais no minuto seguinte, mas eu o amava, com todo o amor que a minha mãe me ensinou, amava tanto que, não consigo falar. Éramos inseparáveis separáveis, eu estava tão feliz, acho que nunca vou encontrar alguém que eu ame assim, que eu amei naquela noite na praia e escrevi nossos nomes na rocha. Acho que eu nunca mais vou amar alguém como eu amava aquela pessoa que me segurou no seu braço quando eu estive resfriada. Acho que eu nunca mais vou amar alguem, como eu amei você naquela noite chuvosa, que você não me passava a segurança que eu precisava, e me fez cogitar o término. Você mentiu, você me enganou, você trapaceou, me fez acreditar que nós éramos mesmo um do outro. Nossa ultima briga nos fez perceber que nada dura pra sempre, até as histórias mais lindas chegam a um fim... Nos abraçamos, e então finalmente saímos pela porta, mas em direções opostas. Ontem eu recebi uma ligação, era sua prima, ela disse que sentia muito por nós, e que a vida seguia, e disse que achava que seria a madrinha do nosso casamento, e que eu ia encontrar alguém assim como você encontrou. Eu não consegui chorar, porque eu sabia que era mentira, que a qualquer hora você iria me ligar pra me contar que aqueles planos estavam dando certo, e pra me contar que íamos viajar, pra longe dos meus pais, e também me diria que nós seriamos inseparáveis, e que meus pais nunca estragaria o que temos. Mas não existiu nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhuma declaração de última hora, nenhum pedido pra eu ficar.


Nesse momento estou ouvindo uma música que diz assim: "Em outra vida, eu serei sua garota, e nós manteriamos nossa promessa e seríamos nós contra o mundo." Vai ser assim não vai? Você promete? Promete que essa dor vai passar. Jura que você ainda guarda aquele anel de plastico na sua carteira? Eu ainda consigo ouvir a sua risada quando eu imitava a sua forma de andar. Eu era a sua Hanna Banana, a sua princesa caroço. Ainda dói lembrar disso. Eu te odiava com todas as minhas forças quando você usava nariz de palhaço porquê você melhor do que ninguém, sabe das minhas fobias estranhas. Você foi a melhor parte da minha vida.

Essa não é uma carta de despedida. Eu te amo Capitão. Meu protetor. Trouxe esse amor de outras vidas e levo ele comigo pra frente. Porque vamos ser nós novamente, talvez não nessa vida, ou na próxima… Mas eu prometo que serei uma cozinheira melhor e não vou te fazer atrasar tanto pra faculdade por não conseguir deixar de te beijar. Eu te amo daqui a até o céu. Mesmo que eu não saiba o que seja amor.

Você invadiu a minha casa sem limpar o pé

eu gostava de te manter no jardim, 
de te manter longe da minha casa arrumada,
enfeitando os dias de segunda feira,
brilhando o dia de domingo,
balançando as minhas roupas no varal,
você era uma brisa leve no fim de tarde,
brisa esta, que se transformou em vendaval,
e hoje é a personificação da bagunça,
entrou pela porta de trás e
até hoje acha estranho passar pela da frente.
se transformou no vendaval que inundou minhas tardes frescas de verão,
pintou minhas paredes de terra
com sua própria mão,
molhou as minhas roupas no varal,
e sujou o meu tapete com a lama dos seus pés,
me tirou do comodismo,
me fez acordar pra tirar o lixo
às segundas, quartas e sextas
e suspender a barra da calça pra andar na praia.
E me ensinou como trocar a lâmpada,
e como deixar o chuveiro no morno,
chegou feito chuva de verão,
mas insiste em ser tempestade
mas eu que sempre gosto de chuva,
desta vez talvez eu feche as janelas.

Fomos um do outro

 Fomos um do outro quando o silêncio entre nós falava mais que os nossas vozes roucas. Fomos um do outro quando minha cabeça se encaixava no meu ombro como se ela tivesse sido feita pra ficar ali. Quando tua presença era a unica coisa que acalmava a minha vida agitada, quando nossas risadas atravessavam quarteirões e alguém nos invejava por sermos ter tão apaixonados. Fomos um do outro quando teu cheiro colava na minha roupa, quando teu braço me protegia e o resto do mundo só parecia o resto. Fomos um do outro quando o céu se fazia bonito só quando você estava por perto, quando as constelações são só pontos cegos na escuridão, quando nossos olhares se cruzam e não há nada que nos impeça de errar a direção. Fomos um do outro quando tua mão na minha cintura me servia como armadura, quando o cheiro do teu cabelo era o mesmo do meu, quando um cílio cai e não precisamos fazer um pedido porque temos o que nos basta.

   Fomos mais um do outro do que os casais apaixonados em '45, Hoje, não somos mais um do outro, somos a frustração, o equilíbrio rompido de quem olhava para nós, e via um pontinho de esperança. Somos as lágrimas de saudade, somos o que passou de uma diversão, somos um acidente bonito. Somos uma história de amor ainda no último capitulo, fomoa felizes para sempre, mas não juntos. E carrego comigo a possibilidade de te amar por vinte vidas e ainda não ser suficientes.

   Amar não basta, ficamos então com a eternidade que o amor pode ser. Somos a chance de sermos eternos,

mesmo que apenas na minha memória.

pessoas sempre vão embora

nas piores horas de todos os dias o medo de ficar só e o desespero para ficar só me assola com a incógnita perdurativa sobre o que fiz comigo mesma.
cada passo e cada retrocesso são incertezas. o que sinto é um horizonte de bagunça feitas pessoas distintas dentro de mim.

Algumas pessoas carregam um romance a vida inteira e nunca o vivem. Algumas pessoas amam a vida inteira, e no minuto seguinte não amam mais, isso é, provavelmente, o que acontecerá com nós. Mas os seus olhinho estreitos flameja o céu como um milhão de fogos de artifícios... Eu podia ter sido sua vizinha na infância, sua colega da escola, e parceira no futebol, pensar em tal destino me sufoca, e eu não sei se meus pés aguentariam o peso de uma vida leve com você. mesmo sua presença sendo ausente, é equilíbrio te ter perto daqui, mesmo que não more na minha cidade.

ninguém espera uma boa convivência entre a França e o estado Islâmico, e eu não espero uma mensagem de bom dia.

um dia, te deixarei ver todas as minhas fotos antigas, minha coleção de cd's, os meus livros destacados com as minhas frases favoritas, meus escapismos, meus poemas ilegíveis, minha insensatez, e, por fim, o pólen, e eu o verei ir embora, como há um ano (ou seis meses, ou dois, ou como na semana passada) as pessoas que eu tinha na minha vida se foram, porque esse é o grande truque final:
As pessoas sempre vão
embora
e eu
não
espero
que
você
fique.

Vida que segue

Hoje mais do que nunca, eu coloquei a cabeça no meu travesseiro e visualizei o meu futuro, e você não estava lá. E não havia vestígios de tempestade, e nem flores mortas espalhadas na bagunça que você deixou. Prendi o cabelo, e achei que era hora de colocar tudo no lugar, desde o meu quarto desarrumado à minha bagunça sentimental, e adivinha? Não doeu tanto assim. Hoje na aula de alemão a tarefa era escrever uma carta a alguém, e eu a fiz. E não foi para você, não desta vez. Foi para mim, pra dois anos atrás quando eu jurava que ia casar com você algum dia. O tempo realmente muda nossas mentes, eu diria para me focar nos meus sonhos maiores. Hoje mais do que nunca, quando você sorriu, não senti vontade se sorrir de volta. Coloquei os meus óculos escuros no alto da cabeça e o fobe tocava minha música favorita, e comecei arrumando tudo, tirei o tapete de boas vindas na porta de entrada. Você entendeu errado. O boas vindas não era pra você, que chegou como uma criança encantada com a sala de brinquedos e bagunçou o que eu levei 8 meses para arrumar, e quando eu estava convicta que eu estava bem, você me aparece 2 am na minha porta encharcado pela chuva, e devasta a minha bagunça como um furacão. Mas hoje você aparece na minha porta, segurando umas flores, eu rio e por um momento engraçado que você tenha lembrado que minhas flores preferidas sejam orquídea negras, você que nunca lembrava a data do meu aniversário, calculo a possibilidade de convidá-lo para entrar. mas desta vez estou com visitas, é um pouco tarde pra bater a minha porta. Você podia ter aparecido no meu aniversário, mas você não veio. Podia ter me ligado dois meses atrás, quando eu estava agarrada ao telefone, esperando por um sinal de vida, uma bandeira branca, um recomeço, que nunca aconteceu, você podia ter aparecido no aeroporto quando eu estava prestes a ir embora, eu te perdoaria por todos aqueles erros idiotas você sabe, mas isso não aconteceu... Não houve ligações de ultima hora, você só abriu a porta e foi embora, e eu fiquei aqui, passaram-se 81 dias, e aqui estou eu, no meio da noite escrevendo algo que você se quer merece ler, e depois me liga e diz que estou linda com o cabelo mais curto, mas desculpe, quem é você mesmo?

Tu

tu me devolveu a poesia morta,
meus versos comatosos,
minhas escritas ruins.
dentro de mim parece que alguma coisa tá prestes a chegar a óbito, e acho que é minha sanidade.

A ti bendigo o amor que nunca soube dar

na vastidão de terras mortas, entrevi alguém, embriagado na própria solidão.

era a primeira manifestação de vida em mim. Em anos.

você foi a planta morta que transformou meu eu bucólico num frenesi.

E a herança da escola,

permanecem vivas, mediante isto - desconheço o significado da palavra "Sempre"

minha missão que era achar uma nova nomenclatura, falhou.

a setecentos dias se passaram desde que te conheci

minhas mãos prolíxas,

uma vez que escreveu nossos nomes na mesa suja da escola, e no ps dizia para sempre.

não haveria forma mais digna de dizer que o tic-tac do relógio te levou, senão as flores franzinas jogadas no meu lixo, 

jamais tive uma ideia tão congruente a fim da libertação de dores inexpressivas senão a de escreve-las.

houve uma noite de solidãoem que uma brisa invadiu o meu quarto, e deu a vida a algo morto em mim há muito tempo, meu rosto inexpressivo cedeu e riu. Enquanto eu te sufocava numa caixa miúda pela inclemência de amar sozinha até que a sua impetuosa reciprocidade me sufocar.

talvez você nunca saiba que junto às suas flores, estava o meu anel, encarapinhado do tempo, me veio também uma devoção ao nosso pertencer a nós despertencendo, sobre o que passaria a nos pertencer.

 eu pude amar o abraço inepto,

a miséria do cenário,

os figurantes que protagonizaram a nossa história,

as cartas niilistas,

o amor que acabou,

e me atentei enraizada,

desde o que era ao que me tornara,  

por tal amor.


foi você

que entregou visão, tato e olfato a esse corpo inerte,

que desviou os ventos pacíficos,

que roubou os meus poemas ruins, e gostou da minha coleção de blues antigos.

ao longo de todo este tempo, tudo que havia entre nós eram um espaço na minha cama e um áspero silêncio

entalando no peito cada plano pretendido, e frustrado,

mas, hoje, 

hoje eu acordei, 

lavei as mãos,

pus o lixo

para fora

e vi

você florir.

O amor recíproco me assusta mais do que palhaços

Eu implorei de joelhos,
Joelhos estes castigados pelo chão frio numa quarta feira de inverno,
pedi em oração para que você não me amasse de volta,
foi pelo canto do olho que eu chorei uma lágrima para as coisas que hão de vir, e para as coisas que se foram, e irão a ser contaminadas
através do limbo triste que existe no jeito que aprendi te amar e a repelir o amor que você me devolvia.
Você por teimosia me amou, e eu afogada nos meus sentimentos reprimidos, te disse adeus,
esse adeus inexorável que corre na sua janela, e te deixa insone.
As fotos na minha gaveta e os olhos ocultamente distraídos apareceram bem na hora
que eu vi
o que eu nunca deixaria acontecer.
ontem
a saudade sublime que não quebra e não desiste de estar, me abraça, me sufoca, me aperta, me devasta, estava...
Ai você escreveu atrás da minha foto que eu era a sua pessoa favorita no mundo,
e surgiu uma ruptura entre os meus pés me engoliu de novo, mas não foi como Alice no país das maravilhas,
Me levou para onde eu passei os útimos 8 meses sem saber voltar,
é num lugar desnudo e paliativo, descolorido, devastado, com flores mortas,
que você descansa os ombros nos meus.
e eu poderia ser a rua que liga minha casa a sua,
mas eu sou esse beco escuro que ninguém passa
e não passa
ninguém.

Eu quase nunca lembro porquê eu te amei

“(…) olhe a falta que fizemos pela perda um do outro. Você chegou e bagunçou o que eu nunca consegui arrumar. Se culpe, em nome do seu orgulho agressivo e ferino. Corra e se esconda como uma criança com medo de um palhaço. Eu nem vou competir, como sempre levanto bandeira branca. Eu nunca te alcançaria.
Quero ouvir da sua boca que foi tudo em vão, quando você disser que nunca me amou, eu vou ter certeza que houve amor. Eu não devo estar louca. Houve amor, não houve? Algum daqueles momentos enfatizados pela minha mente fértil ficou gravado em alguma parte, ou talvez no fundinho da sua mente, eu sei que sim. Estou cansada da mesma história de sempre, tão velha e previsível. Senta aqui, me conta, qual droga que você colocou no meu café? Que tipo de oração você fez aos céus, para me ter assim? Tão inofensiva? Tão rendida? Tão sua? Eu que enjoo de viajens longas, de mensagens bonitinhas, de pessoas? Eu que não consigo gostar de uma pessoa por mais 2 meses. Eu que tenho pavor de amor recíproco. Eu juro que dessa vez dei o meu melhor pra dar tudo certo, se eu errei foi tentando acertar. Eu que não me importo com nada, nem ninguém, minha mente faz questão de reproduzir aquele tempo, e pela primeira vez, não é tudo tão vago. É maravilhoso. Sinto falta de como você fazia eu me sentir. Você afastava os meus medos junto dele minha coulrofobia. E fazia os meus medos parecerem minúsculos quando estava por perto. Sinto falta do amor que eu achava que sentia. Sinto falta de ter uma parcela de mim se enganando, permanecendo tão feliz que podia morrer.


Sua falta que me incomoda, me machuca, me atrapalha, ainda está aqui, acomodada em um espaço vago na minha cama.

Mulher perfeita?

"É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranquila e saudável, é desencanada e adora dar risada.

Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a sequência de bíceps e tríceps.

Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí?
Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"

(Arnaldo Jabor)

depois é muito tempo

esse eterno vício pelo depois
ainda vai me enlouquecer
depois a gente vê
depois a gente conversa
depois eu te ligo
depois a gente resolve
depois eu apareço
saiba
que
eu
sofro
de
imediatismo

depois
eu vou ter caído fora
depois
eu não vou estar aqui.

into your arms

Tá faltando um pouco de você aqui, no espaço vazio da minha cama. Tá sobrando saudade. Tá transbordando. Tá doendo. 
Da última vez que nos vimos, você ainda usava a primeira pessoa do plural pra nos definir, Mas o tempo fez com que nós nos transformassemos em Você e eu, e algumas pessoas no lugar do “eu”. Antes nosso amor era proeminente de extremos, amor e ódio. Hoje o que predomina é a indiferença que devastou tudo, como um tsunami.
 
Mas pra mim nada morreu, tá tudo guardado aqui, como um vulcão prestes a erodir. Sentir ódio é vestígios de um amor, mas não sentir nada é miserável. Olha o que fizemos pela falta de amar um ao outro. Diga que nunca me amou, só ai então terei certeza que houve amor.
Não vou culpa-lo em nome do seu egoísmo sagrado. Hoje domingo, 21, o dia está lindo demais. Lindo demais pra eu corrompe-lo com minha crise interna, lindo demais pra eu levantar da minha cama. E lembrei que ontem eu chorei por você quatro horas seguidas. Eu que nunca choro por nada. Nem ninguém. Nem a morte do Jack fez derreter essa geleira causada pela minha ascendência em capricórnio. Eu sucumbi alguns copos de álcool, e chorei. Chorei porquê eu não queria ter te mandado embora. Chorei porquê eu queria que você não desistisse de mim, da gente. Chorei porquê pela primeira vez deixei que a música Into your arms fizesse sentido. Chorei porque eu amo The Maine. E odeio sua nova namorada. Chorei porque aquelas doses não foram o suficiente pra eu esquecer. Chorei em nome de todas as vezes que eu disse que não me importava.
Não sabia como começar um texto para você, com todas as coisas que eu nunca te disse, mas eu acho que você soube. Eu que segurei as pontas quando nosso barco virou. Estou aqui segurando as pontas por mim, enquanto nosso amor se afoga na onda de nada que sobrou. Vou finalizar esse texto com um trecho da música que sempre foi minha favorita, mas nunca deixei que ela fizesse sentido, porque sei que essa oscilação de sentimentos vai passar, e daqui una anos vou querer vomitar quando essa música tocar no rádio.

“I need to find my way back to the start, when we were in love, things were better than they are, let me back into… Into your arms.🎵

Mesmo que as estrelas se alinhem pro lado errado

Você era o tipo de precipício que eu pularia, mesmo que não houvesse boia salva vidas, mesmo sem saber nadar, mesmo que as chances de sobrevivência fossem quase nulas, mesmo que eu me quebrasse como vidro, mesmo que você não ajudasse eu me recompor. Mesmo que nossos signos não combinem, mesmo que eu não me encaixe no seu estereótipo favorito de mulheres, mesmo que você conheça alguém mais interessante na fila do pão, mesmo que nossos signos nos diga que não temos nada ver, mesmo que eu mude de ideia quando nadar até a superfície, mesmo que eu deixe de entender essa vontade de arriscar alguns passos desarmônicos quando você é fofo, mesmo que meu organismo rejeite o dom de escrever poesias ruins, mesmo que eu jogue fora os meus CD'S favoritos porque você estragou a minha música, mesmo que você seja o precipício com a superfície rasa e eu o pássaro que não sabe voar, eu pulo.

Nocauteada pelo cansaço

Cansei de ouvir músicas motivacionais, dizendo a mim mesma, que eu superei. Me encher de pessoas vazias pra não me sentir tão só, é miserável. Esperar por uma mensagem que nunca vem é exaustivo. Faz mal pro coração, assim como a nicotina faz mal para o pulmão. Vez ou outra me pego me perguntando como seria se eu me amarrasse de vez em alguem que não você, e abaixasse a guarda pra alguem entrar, mas o tapete sujo por você continua aqui, aguardando eu retomar minhas forças pra organizar a bagunça que você deixou. Ainda guardo suas palavras para que eu jamais esquecesse, você prometeu que u-m-d-i-a-a-g-e-n-t-e-s-e-e-n-c-o-n-t-r-a-p-o-r-a-i, mas eu se quer me atrevi sair da minha zona de conforto, pra dar espaço pra esbarrar com você por aí. Eu sempre me questionei como seria quando aqueles olhos estreitos e o cabelo enrolado feito onda mortas na beira da praia, se amarrasse em alguém que não eu, eu teria que sentar naquele balanço da praça sozinha, e me contentar com os dois fones de ouvido só para mim, e pior, com o fone que tem o solo de guitarra. O que as pessoas que me vissem sozinha pensariam? Elas desacreditariam no amor... Porquê nós éramos inseparáveis separados por um destino traiçoeiro. Vítima de nós mesmo e nossas escolhas banais. Hoje nem lembro mais porquê meu coração ingênuo batia acelerado quando você chegava. Mas ele batia.

Um dia desses eu vou amar alguém

Um dia desses, vou amar alguém, que não tenha o sorriso tão perfeito como o seu,
Um dia desses vou amar alguém, como eu amo a idéia de dormir sob o sol da Califórnia, na praia de Santa Monica,
Um dia desses eu vou amar alguém, mais do que a minha coleção de blues que eu nem ouço mais,
Um dia desses eu vou amar alguém que conheci ontem, eu vou desejar tê-lo conhecido antes,
Um dia desses eu vou amar esquecer, como eu era tão feliz sozinha.
Um dia desses eu vou amar alguém mais do que eu amava o seu cheiro de roupa limpa, impregnado na minha blusa de crochê.
Um dia desses eu vou amar alguém que eu conheci na fila do pão, que comentou comigo sobre o bbb do dia anterior,
Um dia desses vou amar alguém, que me abrace como aquele policial me abraçou, quando eu estava assustada,
Um dia desses eu vou amar alguém que não estrague a minha música favorita, e a transforme em um clichê de merda,
Um dia desses, vou amar alguém que não será você.

3:06am

3:06 am ouço o barulho distante que o silêncio faz, esse barulho que o ventilador faz

 um tipo de silêncio.

silêncio que a gente compra na loja.

tem hora que qualquer fiasco de luz me lembra você.

Até a propaganda clichê da coca-cola,

é claro que a gente queria se perdoar,

mas ninguém pecou.

eu quase não tenho mais o que te dizer,

e o pouco que tinha, tô esquecendo.

acho que a gente se encontrou por aí, perdidos na augusta,

onde todo mundo se encontra,

onde todo mundo se perde,

e eu ainda não sabia seu nome

para te chamar.

Agora que eu sei, o espaço que está entre nós, me atrapalha,

tem uma cigarra

lá fora,

tá uma escuridão gigantesca aqui,
e esse cantinho que sobra

mais ou menos no fim da cama

te caberia tão bem.

Como se a arma, de tão eficiente, já atirasse vermelho

(...) Eu sofro de mim, de mins.

Camuflo o que é simples. Eu queria ser novo ou velho o suficiente para ser um só, com espaço de sobra onde não só filosofia/teologia/poesia tivessem passe livre. Aquele velho papo de se encontrar e saber dizer, dar a palavra, colocar a mão no fogo. Aquela velha luz à meia-noite de uma semana antipática. Eu queria me sustentar sem nada. Ter coragem de não esperar futuro, sem objetivos, sem destino pela frente, sem estradas ou cidades ou pontes por onde ainda possivelmente irei passar. Desprovido dos mapas e das letras de canções da geração anterior. Sem ilusões, sem riscos, sem vítimas ou propósitos. Sem conhecer as histórias, sem gente para servir de inspiração, sem passado. SÓ EU. Sozinho. Para inventar vida de onde nunca saiu sequer um sopro de ar.

Um vinho barato, blues antigo, e o velho clichê

Um vinho barato,
Um blues antigo,
E o velho clichê,
A monotonia nossa de casa dia,
Me demasio na esperança de esbarrar com você por aí,
E esvazio minha mente enumerando mentalmente uma lista de razões para não ecrever poesias sobre você,
Mas a teimosia corrompe o pouco de sanidade que me restou,
Talvez eu esbarre em você por aí,
Nem que seja só pra perguntar como está indo na faculdade,
Só pra fingir sobriedade,
Pra não parecer tão vulnerável,
Vítima do passado implacável,
Refém de futuro um improvável,
Talvez um dia eu te ligue, e finja ter sido um engano,
Pra você saber que eu segui em frente,
Mesmo que "em frente" signifique, só até o meu portão.

O amor e as suas imundices

(…) olhe o que fizemos pela falta de amar um ao outro. e se culpe, em nome de toda a tua futilidade sagrada. só quando você disser que nunca me amou, eu vou ter certeza que houve amor. eu digo que um pedaço da minha existência medíocre ficou encravada em alguma parte do teu corpo. eu não sei qual. pode ser no coração, como um clichê de merda, ou pode ser no pé, sem causar dor nenhuma, algo mais puxado pro lado da tua imundície, porém algo original. se erramos foi porque nosso marketing estava bom demais pros meus dias sem movimento. quisemos ser diferentes porque nós dois temos um senso de moral e ética desumano e a boa e moralista filosofia não quer nem desmaiar no chão onde desabamos. é tudo tão vago. e maravilhoso ao mesmo tempo. é maravilhoso dizer que a vida sem você continua, mas ninguém explica que ela continua andando pro lado errado, porque o lado certo seria a morte. a morte exagerada ao teu lado, mastigando vômito e ouvindo um blues. mas somos um ninho de individualidade, egoísmo e sadismo. somos um jogo comprado. Você viciou os meus dados, a minha língua e a minha loucura. o que foi além disso? essa poeira que cobre o céu, amor, vai ficar pra sempre. Essas estrelas têm gosto de pão dormido. alimentam só o que há de mais instintivo dentro de mim, e a falta que sinto de você é uma fome parcialmente gourmet, uma amostra do pesadelo e do meu desequilíbrio que evitei reconhecer durante todos esses anos. (…) eu precisava que alguém me suportasse e fosse embora, mas você limpou seus pés sujos de um passado mesquinho no meu tapete de boas vindas. e desde então, ninguém mais entrou. sinto falta do cheiro de lixo que você me trazia. ele espantava. e fazia a dor ter sentido contrário. sinto falta do amor que eu nunca senti por você. sinto falta de ter uma parcela de mim se enganando, permanecendo não existindo. porque se for pra existir sozinho, eu não tenho mais espaço.

Nosso final feliz

Não há sentido em enganar a si mesmo fingindo pertencer à uma pessoa que nunca foi sua. Causa um vazio imenso olhar para alguém que você deveria amar e saber que não sobrou nada do que um dia foi "para sempre." É cansativo olhar pra gente e lembrar dos desabafos no telefone e saber que foi tudo em vão. Sentir absolutamente nada. É miserável. Eu jogaria fora toda minha sanidade e a dignidade morta que restou no fundo da minha gaveta, e te ligaria só pra lembrar como era bom sentir que era sua mesmo sem ser. Eu gostava de me sentir presa a você, porquê sabia que você me levava rumo a minha prisão na liberdade. Sem cobrança. Sem medo. Sem rótulos.

Mas você encontrou uma forma de me afastar, você me amou de volta. Você me prendeu no seu porta-luvas. Enquanto eu morria sufocada com o seu amor doentio, e o pior é que eu gostava. Me dedicou músicas do John Mayer e ainda abria a porta do carro. Eu gostava de ser intoxicada com esse lixo tóxico que você dizia ser amor. Eu estava fraca, eu odiava pensar em te perder, você me fazia tão feliz. Nosso amor nunca perdeu totalmente a graça. Mas nós fomos nos desconhecendo. Nossas música foram substituídas por outras. Nossos sonhos se tornaram individuais. Nós nos perdemos pelo caminhos da mesma forma que nos encontramos. De repente. Eu disse pra você ir embora, e abri a porta, essa foi a forma que encontrei para recuperar o que sobrou da minha lucidez. Nada me fez tão bem naquela semana em que nós fomos um do outro para sempre. Sempre me senti presa com outras pessoas que tentaram me dar amor, e fugia como o diabo foge da cruz. Mas com você foi diferente. Você sempre me perguntava o porquê de eu nunca querer dormir no seu colo, e eu te disse que é por não querer perder o tempo que tenho com você. Esqueci de mencionar que não queria baixar mais ainda minha guarda. Eu não podia. Mas um dia eu resolvi arriscar e descansar no seu colo, e nunca dormi tão calmamente quanto naquele dia.


Eu não percebi, mas tinha levantado bandeira branca, até hoje te odeio por me amansar, me deixar inofensiva, por fazer todas as pessoas parecerem desinteressantes. Por fazer com quê eu desejasse pra gente o final trágico, de um amor sem graça, com roteiro piegas, e final feliz. E assim foi, nós fomos os protagonistas de uma história sem graça, e felizes para sempre, mas não necessariamente juntos. Ainda bem, porquê eu odeio história clichê.

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