A ultima vez que eu o abracei fui a ultima a soltar, Sentamos ao balcão de uma cafeteria, ele analisou minuciosamente em silêncio, e solicitou um grande café. Ele era viciado em café. Estava um frio de 10º, eu queria me aquecer no abraço dele, mas me contentei em segurar a caneca quentinha de cappuccino, com as mãos geladas. Naquele dia rimos e fizemos piadas relacionada a futebol, ele jurou que gostava muito de mim, quem nos visse rindo como dois estranhos intímos naquela mesa, nem imaginaria que na noite anterior, tudo o que podia ter dado errado, deu, e tudo o que não podia ter dado errado, deu também. Fazia muito tempo que não ríamos daquela forma. Na noite anterior ele tinha me telefonado, três horas antes, pra confirmar o jantar, eu estava triste e desanimada, mas o fato de estar com ele, me deixava feliz. Me arrumei, demorei 6 horas testando uma make pra ele reparar em mim, e quando terminei, fiquei esperando ele chegar, eram 8:00 pm e ele não havia chegado. "Trânsito deve estar péssimo" pensei comigo mesma. 8:30 decidi mandar uma mensagem, perguntando onde ele estava, mas não tive resposta. 9:00 eu tentei ligar. Ele não atendeu. 9:30 eu tirei o salto alto, mas ainda tinha esperanças, da gente sair e conversar, e colocar tudo no lugar. 10:00 eu estava deitada, assistindo netflix com a Bella, minha cadela. Dormi e acordei com uma mensagem dele dizendo: "Desculpe eu peguei no sono." Repondi com um emoji, apesar de tudo o que ele tinha me feito era minúsculo "devia estar cansado do trabalho" ele ainda tinha ainda um espaço nas minhas prioridades, e eu não sabia ter ódio, ou raiva, e deixei ele me contornar com alguma desculpa esfarrapada.
No dia seguinte, ali estavamos nós numa cafeteria. A forma como ele ria pra mim, eu sentia que aquele brilhinho de uns meses atrás havia desvanecido, ele não me olhava da mesma forma. Ele desviou a atenção para a garçonete, e ficou esperando a minha reação, e disse que eu ficava linda com ciúmes.
A tática era fingir que eu não reconhecia, e subtrair a importancia que ele tinha na minha vida, colocá-lo no arquivo morto do cerebro, mas eu percebia como era patética aquela situação.
Minha mente sussurrava, que se ele quisesse estar comigo na noite passada, ele estaria. "Eu preciso ir embora" ele proferiu cabisbaixo: eu disse "Tudo bem, vamos pedir a conta" "Não, você não entendeu, eu to dizendo que eu to caindo fora" e foi embora. No inicio eu pensei que ele tivesse chateado com algo que eu disse, estresse do trabalho, doce ilusão, nunca foi isso. Ele estava cansado de nós e nunca foi homem pra assumir, mas eu não percebi. O amor ele é cego, surdo, mudo, tetraplégico, e distraido. Eu sabia que seria bom me afastar dele, deixei ele ir, mas quando eu voltei pra casa, percebi que ele nunca mais estaria ali, de repente tudo começou a ficar tão vazio, até minha cachorra seguiu em frente e parou de esperar ele na porta. Fiquei o mês inteiro stalkeando ele nas redes sociais, procurando algo, que me fizesse desistir ou que me desse esperança, me senti tão culpada, por não ser o suficiente, até cogitei mudar o cabelo pra ruivo pra ele reparar em mim.
Mas tudo o que vinha dele tinha cheiro de indiferença e frieza. Eu passei por cima do meu orgulho, da minha vergonha na cara e até da minha dignidade querendo saber dele, mas ele estava farto de mim, e dos meus dramas pessoais eu acho.
Passou muito tempo, fiquei sabendo que ele finalmente ia realizar o sonho de ir pro Texas. Eu preferia ter ouvido isso dele, soube de algumas garotas que ele conheceu. E também queria que ele tivesse me contado. Talvez m
uitas coisas poderiam ter sido diferentes, inclusive a forma como eu olho pra ele. Antigamente, eu era tão feliz e nesta bolha confortavel que achei que aquele sentimento de equilíbrio emocional que vinha com ele, era paz, ele foi meu melhor amigo, meu romance proibido, e agora um desconhecido que nem mora mais na minha agenda. Lembro que quando eu o conheci no primeiro dia ele me contou a sua vida inteira, eu contei sobre meus amores e dizia que nunca ia gostar de alguém novamente, mas no mês seguinte eu já estava tão acostumada com sua voz, que quando não nos falávamos, eu subia pelas paredes, e eu jurei que nunca cairia na sua lábia, mas eu caí.
Queria te-lo apresentado para todas as minhas amigas, mas você não se encaixava, eu tive que me reinventar pra você gostar de mim, fiz amizade com os seus amigos e familiares, mas tinha que me manter encima do muro para o seus ciúmes doentio não me sufocar, você gostava de brigar pelo lado direito da mão pra segurar, e brigava porque eu não concordava com você. Eu achava isso normal. Mas nunca foi normal. Acabou, Hoje eu não me culpo mais, parei de abrir o seu perfil, e de perguntar de você pra Paloma. O carinho que eu tinha por você poderia ser o mesmo se você tivesse me ligado aquelas vezes, ou me retornado, ou me atendido, eu ainda te olharia com os mesmo olhos, se você não tivesse sido um covarde e ter ido embora sem nem me dizer o porque. Eu ainda poderia te agradecer e terminar esse texto com um "Espero que as voltas que o mundo dá, traga você de volta pra minha vida". Mas eu espero que não. Eu fiquei tanto tempo no fundo do poço sem ver a luz do sol, que até esqueci que havia vida depois de você. E sim, eu conheci alguém, mas eu não tenho pressa em me amarrar em alguém pra me sentir menos incompleta e vazia, não. Eu nunca ficaria com alguém pra ter um álbum exclusivo no Facebook.
Você perdeu o direito de querer saber de mim o momento que foi embora e nem me disse o porque que.
Quantas vezes já chorei escondido sem saber que a vida me fazia um favor de te levar pra longe de mim, sem entender que aquilo não era o fim do mundo, mas sim o início de algo melhor. De uma fase maravilhosa. Porque foi dolorosamente maravilhoso eu perceber que a vida sem você continua. Nem nossas conversas existem, pra provar que existiu amor.
Ninguém sabe o quanto eu já chorei quando você foi embora, a faisca de esperança que eu tinha de ser você nas mensagens, nem tudo o que essas lágrimas me ensinaram. Atualmente sou o resultado dos meus choros silenciosos que deixei escapar em uma dessas noites que eu lembrava de você e não conseguia dormir, e não por fraqueza, mas sim por cansaço de ser forte…
Se eu voltasse ao passado, sentiria pena de mim, me vendo chorar por pessoas que nunca mereceram nem falar comigo.
Ainda não passou, mas sua saudade não me corrói mais, parei se chegar sua última visualização e deduzi com quem você está falando. De vez enquando ainda sinto uma saudade doída, desesperançada. Saudade de quem você era, ou de como eu era feliz antes de você, não sei. Meus amigos me adoram. Eu me apaixonei por alguém que eu gostaria que você fosse, e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar. Eu invento amor, sim e dói admitir isso. Porque eu inventei nós. Você nunca foi engraçado, ou interessante, ou digno do meu tempo, mas eu me ceguei tão bem, que me diminui pra caber no sei bolso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade, e eu encerro minha noite sentindo falta de quem eu queria que você fosse. Eu te odeio por não atuar bem, e por ter dado a nossa história linda, um final bruto, seco e silencioso, e ai eu encerro a noite te odiando. E aí eu deito e penso em coisas bonitinhas que você deveria ter dito. E quando vou ver, não te odeio mais.
Minha terapeuta disse que estou curada, engraçado. Saio de seu consultório com um sorriso no rosto porque sei que ela se enganou. Nunca vou me curar de inventar pessoas e me apaixonar por ela, depois voltar a enxergar e me decepcionar de novo. Esse é o ciclo da vida. Talvez um dia ela aprenda.
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