Há dias que não consigo te escrever. Minha inspiração atrofiou, suas saudades está em decomposição dentro de uma caixa em baixo da cama. Assim como tuas asas que antes me serviam de proteção, e hoje te levou pra longe. Tenho te encontrado em muitos lugares vazios. No me caderno de inglês, no meu sono da tarde, no café que não tomo, nos meus livros de alemão e nas músicas que há dois meses não escuto, no banco da praça, na fila do cinema. Te encontro também na melodias do Jason Walker, e em segredo desejo ser para ti como Alaska foi para o Miles. Você me teve, durante muito tempo, como um decalque no seu caderno e como um troféu empoeirado na sua estante, e se tornou responsável por mim como um pai desavisado é responsável por soltar a mão do seu filho ao atravessar o trânsito. Eu te amei para sempre, mas a eternidade se torna tempo demais para opostos que se atraem e se afastam ao mesmo tempo. Para opostos que não estão destinados a se atrair como imãs de polos distintos. Você me completava, me transbordava, me transbordava tanto que inundou a minha sala, me transbordou mas você cortou a linha que nos ligava. O amor era recíproco, e o egoísmo também. Queríamos tanto ficar juntos de todas as formas possíveis, mas a gravidade entre nós é invertida, e por mais que torçamos silenciosamente para nos esbarrar por aí, acabamos correndo em direções opostas. Tentamos voltar àquelas vezes, percebemos que a linha que nos ligava se rompeu. Você abriu as algemas que me prendia a você e decidiu me libertar e, depois daqueles dias, nunca mais conseguiu me prender.
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