A última vez que eu estive aqui esse lugar tinha o seu cheiro, essas flores não estavam aqui, você ainda usava uma pulseira do Nirvana. Dois anos se passaram tão rápido, até as paredes envelheceram, o seu perfume esvaiu, e a esperança que esse lugar me trazia desvaneceu.
Ontem me arrisquei e pulei uma das barreiras que nos afastam, e quase perguntei como você está.
Mas ai lembrei que não posso. Lembrei que na nossa última conversa você colocou ponto final na sua ultima frase.
Eu optei pelo silêncio, optei pela solidão de nós dois.
Eu sempre quero ser a gente. Ou não ser nada. Então sou só eu. E a luz do meu notebook iluminando a bagunça que eu sou.
Como é que se vive em paz assim? o tempo passa e o que eu quero é fugir da cidade, das pessoas, dos conhecidos, dos meus pseudos-amigos.
Meus amigos conhecem pessoas. E saem no sábado à noite. Eles enchem uma casa de gente e colocam um funk no último volume e gostam de vodca destilada. Chegam as 6am da balada, fumam maconha, drogas, e tudo o que é injetável.
Eu encho duas estantes de livros e um pote de suco de laranja e termino um fim de sexta perguntando o que há de errado comigo. Porquê eu não consigo gostar das pessoas? Eu não consigo me envolver como alguém normal? Ou se quer já experimentei alguma droga que não chocolate. Eu odeio chocolate. Ai eu percebi que eu sou geração saúde, escolhi me afastar de tudo o que faz mal, inclusive você.