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Não é saudade

Não é sua falta que eu sinto. Eu não sei bem o que é, talvez ódio, magoa, tristeza.
Talvez eu sinta um pouco de culpa, de falta. Aí que está, falta não sei do que. Você nunca foi um personagem bonitinho pra compor o meu conto de fadas, não é engraçado, e tampouco especial. Mas eu vejo você melhor, sei que se você me ligasse agora eu te confessaria todas as coisas que eu venho com medo de admitir até para mim mesma. Mas você não vem. Porque não sou eu a personagem que compõe o seu conto de fadas. Porque você tem um, não tem? Você não pode ser essa pedra aí, não é possível, astrologia não pode ser tão certa, você não é esse filho da puta, é? Qual o seu problema? Sabe rapaz, tava tudo bem antes de você aparecer, e pular as minhas defesas, e agora? Essa é a parte que você vai embora e eu tenho que superar? E depois é como se você estivesse morto? Você é um soldado destemido pronto pra guerra, e de todas as armas que você luta, seu seu silêncio é o que mais me machuca. Queria deixar de pensar em você, queria seguir minha vida sem lembrar de você, eu vou deixar de me importar um dia. Você pensa que eu não sei? Eu sei que você está bem sem mim, rindo, fazendo as suas coisas, e nunca foi eu a sua prioridade. Nem quem faz você sorri quando aparece nas notificações. Eu sei que tenho soluçado risos por aí. Sempre diante dos seus olhos. Tudo para você ver o quanto eu me divirto, o quanto sou legal, o quanto as pessoas gostam de mim. Para você lembrar de como eu sou feliz sem você. E eu grito um pouco rindo, eu sei disso também. Que é para você lembrar de que eu não preciso da sua companhia pra sorrir, mas a verdade é que isso tudo é uma mentira, eu finjo não te olhar, porque quero que você pense que eu não me importo mais, mas a verdade é que eu nunca deixei de me importar. 

Eu sei, a paixão é ridícula. Sei que não sou metade do que você queria que eu fosse. Mas eu sou tudo o que eu queria ser. Pois é, eu sou uma menina. Surpreso? Sério?Você está surpreso mesmo? Achou que era uma mulher com joguinhos te instigando para fugir da lógica? Isso é coisa de criança. E isso é exatamente o que você faz. 
Eu não tenho problema nenhum em admitir que sou infantil às vezes, mas minha infantilidade nem se compara a sua. 
Eu não tenho vontade nenhuma em separar o certo do errado, e nem ligo se alguém me empurrar no carrinho de compras. E você? Você não tem vontade alguma de sorrir de volta pra vida. Você age como uma criança mas sua alma é de um senhor de 89 anos. Você é como um café expresso sem açúcar. O problema é que eu odeio café, e te odeio, tanto que eu esqueço que você é chato, amargo, e sem açúcar, não queima e nem congela, como água morna. E eu acabo gostando de você, não porque você é bonito, charmoso, e engraçado, é porque eu não aceito perder. Vênus em escorpião me fez otaria. E eu também não tenho inspiração pra escrever sobre você. 
Um dia você vai ser a minha cicatriz sanada. Aliás, nem cicatriz sanada, talvez você seja o pé da cama, onde eu tropecei e bati o dedo do pé. Mas não vai demorar muito pra passar. Você não é o homem pra quem eu dedico esse texto. Você é o menino pra qual eu dedico esse texto. 
Você pensa que eu não sei que você sabe que eu estou mentindo? Eu sei.

Quer um pouco de verdade? Leia o começo deste texto, não é sobre você que eu escrevo não. Talvez o meio seja sobre você. Essa é a verdade, mas você me ensinou que ela não é necessária.
Eu sei bem. E sei que você mente também. 

Por mais que você não me ligue no meio da noite, não abra a porta do carro, não jogue a porra do controle remoto para longe enquanto tira do meu canal favorito, não fale no meu ouvido o quanto você está com saudade. Por mais que você não seja esse homem, é de você que eu sinto saudade. E quando você dorme quietinho, sonhando com você na Rússia com alguma russa aleatória da sobrancelhas horrível, eu sei que, apesar de eu não abalar sua vida em nada, você precisa de mim. 
Que pena, agora você tá morrendo. Mas eu continuo vendo você respirar, quietinho, ao meu lado.

A verdade é que eu ainda acredito em reencarnação. E eu te olhei tantas vezes implorando; Não morre, por favor. Seja ele,  seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê. O homem pra quem eu quero cantar todos os refrões da anavitoria, que eu vejo nos clipes da Taylor. Mas você nunca mais me olhou como você olhava, você nunca mais se emocionou, nem a mim. Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou que não parava de pensar em mim. Nunca mais foi o mesmo.
Eu sabia que um dia você iria embora e eu teria que me acostumar a viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu gostava de você. Você nunca percebeu o quanto eu fingia estar feliz sem você. E de tanto fingir eu me acostumei.

Sabe nossa diferença? Bem eu sou bem humorada, alto astral, de bem com a vida, mas eu também cometo erros mesquinhos. 
Para cada fundo do poço, milhares de motivos para eu ir embora boiando, bóias de coração para eu me agarrar.
E eu nunca me agarro em mim, sempre espero alguém chegar.
E depois eu me arrependo por ter ido tão longe. 

Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você.
Antes que eu morresse de amor, de ódio, de saudade. Matei você.

Desculpa, eu tinha prometido nunca mais escrever tão subjetivamente.
Tenho saudades, viu?
Mas eu quero que você 

Se foda.

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