Ontem fez dois meses que a gente não se fala mais, e pela primeira vez não me martirizei me perguntando se você também tinha saudades.
Nossa história terminou sem muito discurso, Você só disse pra eu te deixar, e eu deixei, mas eu não deixei como um adulto bem resolvido, não. Eu fiz pirraça, birra, gritei, e chorei, mas ai um dia eu só parei de pedir pra você não ir, e deixei.
Eu vi você indo bora, e novamente me vi tendo que seguir em frente.
Eu fui pra casa, alimentei o meu gato, liguei meu computador e comecei a escrever, é assim que eu organizo meus sentimentos, escrevi sobre você, e o quanto eu desprezava esse seu jeito, suas manias, seu cheiro, mas a verdade é que eu amava.
Eu nunca demonstrei fraqueza, mas eu era fraca.
Nunca disse que tinha saudades, mas eu tinha.
Eu não chorei na sua frente, mas chorei retraida, nem o meu travesseiro testemunhou. Chorei um choro doído, como se alguém tivesse perfurando minha alma, com uma lâmina. Chorei um choro de quem não aguentava mais ver alguém partindo. Mas verdade é que eu não estava feliz na sua presença, você parou de me trazer paz, e me trazia ansiedade, caos, dano. Um dia eu saí da minha zona de conforto.
Fui ao cabelereiro e me arrumei pra mim mesma, não fico lembrando mais de nós dois, nem imaginando o que você deve estar fazendo. Parei de ter ódio das pessoas com quem você posta foto.
Parei de me perguntar o que eu fiz de errado, porque quando nós temos que pedir pra alguém ficar, é porque tá na hora de deixar alguém ir.
Me olhou e disse que não dava mais. Precisei ler duas vezes pra ter certeza que não estava entendendo errado. O olhei profundamente naquela terça-feira de janeiro, e fiz uma comparação a pessoa que eu costumava conhecer, e ele.
A única diferença agora é os olhos dele, não me olhava da mesma forma. Eu dou um jeito de fazê-lo rir, mas ele não ri, largo mrus afazeres de lado pra escutar ele reclamar do trabalho. Mas mesmo assim ele vai embora. A verdade é que não tenho tanta vontade de voltar a fazer parte da vida dele. Lembro como eram felizes os meus dias, mas um dia isso acabou, acabou o amor. E não posso procurar conserto no que me deixou em pedaços. Ele me culpava por estar infeliz, Isso começou depois daquela segunda semana de janeiro, quando ele disse que ia se atrasar, quando chegou em casa e não era mais o mesmo.
Fiquei uns dias esperando, mas um dia ele se foi fisicamente, do tipo que pega as trouxas e vai. Olhava as horas iguais, e tinha certeza que ele tava pensando em mim. Mas a verdade é que ele não estava. Chega a ser engraçado o modo com que abraçamos a ideia de ae prender a alguém, que esquecemos que somos todos livres.
Demorou dois meses para eu me convencer que ele não era tão bonito, ele se quer era engraçado. Demorou muito pra alguém que ficou tão pouco. Disse alguma coisa relacionada à um band aid grudado, incomodando no pelo, que se deixarmos rle fica ali, e temos que ser corajosos e arrancar de vez. Não lembro porque eu gostava dele. Não guardei nem as memórias antes daquele dia que ele foi embora. Deixei de amar ele na semana seguinte. Um ano e uns quebrados depois, com o cabelo menos loiro do que quando eu o conheci. E ele com a pele mais escura do que costumava ser, e o cabelo cortado baixinho, o vi no centro da cidade, deve ter terminado aquelas séries que assistiamos juntos, e concretizado aqueles planos de mudar de estado, deve ter encontrado alguém mais normal, menos louca, mais pé no chão, do que eu. Eu o olhei mas logo desviei os olhos pra um telefone na vitrine de uma loja, eu me enganei, quando achei que ele tinha mudado, ele continua sendo o mesmo, mas eu não. Ele se encaixava pra mim, como uma peça correspondentes a um quebra cabeça, cabia muito bem, e em muitas coisas, só não cabe mais no meu hoje.
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