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Você é o tipo de precipício que eu pularia

Ps:. Leia ao som de Cassadee Pope : I guess we're cool.

Quero poder mergulhar em você, sem medo que a sua superfície seja rasa demais para o meu vício em profundidades extremas, quero poder me jogar de cabeça sem medo de dar de cara no chão. 
Sou a própria inconsequência, mascaro minha personalidade impulsiva com bravura, e finjo que eu não tenho medo de me jogar, e pulo. Já dei de cara tantas vezes no chão, que os abismos ocos não me assustam mais. Ai você me prova que eu posso voar, e eu mergulho em queda livre, eu pulo, eu me machuco. Eu acredito nas pessoas, eu me decepciono, eu volto a acreditar, eu sou intensa até à ultima célula do corpo, eu penso eu falo, eu sou insegura embora eu nunca deixe transparecer, não tenho medo de me desculpar de dizer que sinto falta de me entregar pra quem não quer receber. Gosto de quem  pensa e fala, grita e briga, e jogue as coisas pro alto e que no fim do dia ligue para fazer as pazes, que não me deixe ir dormir, pensando que o problema sou eu, eu sou assim, sou feita de extremos, não sei, não consigo, não posso ser menos que isso.
Eu sou tempestade, mas vou saber ser uma brisa de fim de tarde. Eu sou tempestade cósmica. Eu sou o extremo, eu transbordo amor e me afogo com a falta dele, mas vou saber respeitar a sua falta de palavras. Eu vou sentir sua falta mas vou saber respeitar o seu tempo e espaço. Eu sou socialmente ativa, mas vou entender quando você não querer sair do seu quarto. Eu sou naturalmente feliz, mas vou chorar quando te ver entristecer. Se por acaso quiser fugir pega minha mão não me diz nada, não, eu vou entender.

Só não me deixe escapar das suas mãos como um pássaro corre em direção a liberdade. Não me prenda a você só pelo prazer de me ter aí. Não me deixe de lado como aquelas palavras cruzadas que você deixa pra depois. Não deixe que o nosso comodismo, nos torne dois estranhos, não me deixa pensar que é perda de tempo, que a sua falta de tempo é falta de interesse, que sua vontade de ir embora é maior do que a de ficar. Não queira se tornar só um personagem pros meus textos metafóricos. Se me achar complicada demais me descomplica, se me achar precipitada demais me desacelera. Se me achar louca demais perca a sanidade comigo. Estou te dando a opção de se salvar de mim, você pode escolher correr como um menino assustado. Ou você pode escolher ficar e pularnos em direção ao abismo abstrato que somoa. Eu vou chorar, vou rir, vou me atrasar quando não souber o que vestir, vou ter crises emocionais, crises de risos, crises existenciais, mas se você não saber lidar, só me abraça, e eu vou entender. Há coisas que não precisam ser ditas para ser entendidas. 
Mas se toda essa confusão for demais para você, saiba então que eu te entendo, que tudo bem não me ligar na hora marcada, tudo bem adiar aquele encontro pra amanhã, semana que vem, mês que vêm. Finja que não se importa com as coisas que eu escrevo, ignore as músicas que eu te sugerir, e então eu te liberto de toda confusão que eu sou, Te liberto dos meus textos, das minhas músicas. Te liberto de uma vida cheia de caos e desordem, orgulho e vontade de ficar abraçados, segurança e a falta dela. Te liberto de me ligar depois e pedir desculpas. Te liberto dos planos de fugir nos finais de semana. Te liberto do direito de ter alguém como eu na sua vida. Te liberto. Liberdade, bandeira branca, desistência, game over.

Eu não posso deixar você ir embora...

Hoje mais do que nunca olhei pro celular, e senti saudades, não dessas saudades que dá vontade de aparecer na sua porta às 3am, não. Uma saudade boa, uma saudade saudável, queria te abraçar e desejar silenciosamente que você volte logo, você entenderia, não entenderia? Então apenas abracei o meu moletom, e senti o seu cheirinho. Não me culpe por não ver graça em mais nenhum sorriso distraído por aí, as sua mentiras bonitinhas me agradam. Por que você não pode simplesmente ser um babaca e me fazer gostar menos de você? Você sorri e traz a calma do mundo inteiro, me trás uma certa paz, que eu nem lembrava que existia. 

Não me olhe assim, de frente por favor, esse olhar de quem me conhece há anos.
Não finja conhecer meus hábitos, minhas manias minha risada indiscreta. Não finja que se importa enquanto eu passo o dia achando que você realmente se importa. Te vejo ir embora e tudo o que penso em fazer é sentar e torcer pra que você não demore muito. Nunca vou entender porquê a gente se dá tão bem, mas a nossa compatibilidade é como - e +. Porque você tem esse jeito militar de parar com as mãos para trás. E vive para manter minha total proteção quando me liga para saber se cheguei bem em casa. Porque você fala de um jeito pausado e ainda acha graça das minhas piadas. Porquê dói lá no fundinho saber que você é amarrado em alguém que não eu. Não se trata apenas das flores, dos cartões, bilhetes e jantares, do tempo, dos contratempos, é a maneira como você olha para ela, é a maneira como você fala dela. 

(...) Porque eu morro de saudade quando abraço o meu moletom com o seu cheiro, e suspiro como uma criança manhosa que não quer acordar cedo pra ir pra aula. Odeio abrir nossas conversas antigas e me deparar com tão próximo nos tornamos, e odeio o fato de não ter te conhecido antes. 

Eu sei que a minha facilidade em colocar tudo em palavras te assusta, confessa. Acontece que hoje, nessa manhã eu li algo que me fez lembrar de você, um texto da Tati Bernardi e falava sobre como as nossas exatidões eram tão perfeitas um para o outro, mas não eram feitas para serem somadas. E isso me fez refletir muito, nos damos tão bem, mas sabemos que juntos seríamos como uma bomba nuclear. Você me atraí, me acrescenta, somos como imãs de polos distintos. E isso é ruim. É péssimo. Não é como matemática simples 1+1=2. Eu já escrevi para você em forma de texto, já descrevi nossos diálogos, já te romantizei e ainda assim, não consegui chegar no ápice das coisas que eu quero que você saiba. Eu aceitei sair com o rapaz do cursinho, ele é lindo, ouve Green Day, entende das piadas do Twitter, e ainda abre a porta do carro como um perfeito gentleman. O problema é que todo cara que chega perto de mim é desinteressante quando comparado a você. A gente tem essa intimidade gostosa, essa coisa de rir quando tá bem, de mostrar pro outro que superou e que não precisa mais, de rir do seu amigo mala, e ainda assim, nos encaixarmos tão bem, o suficiente pra não termos espaço para nós, na vida um do outro. Mas eu sou inconstante o suficiente para olhar  para você e mudar de calçada. Embora não pareça, emoções me assustam, me pegar sentindo sua falta 2am, cara!? O que têm de errado comigo? Nós não somos exatamente o que o outro precisa. Mas a gente se pega se atraíndo, coisa de pele que vai além da epiderme embora saibamos que é errado. A nossa falta é que nos completa de alguma forma. Embora saibamos que essa conexão tão exata, a minha instabilidade, me faça ser um fio negativo e você o fio positivo, e uma hora a gente entra em colapso. Ser prolixa sempre foi uma das minhas melhores qualidades, portanto, ignore as partes desse texto que você não conseguir entender. Você é a minha música de sertanejo universitário que eu odeio, mas a letra faz sentido e eu sou o seu clichê preferido. Simples assim. De verdade, eu não posso te deixar ir embora assim, do nada. Assim, pela quinta ou sexta vez. Já até perdi as contas de quantas vezes entramos num consenso ao  decidir que é melhor nos afastarmos e em seguida achamos que é melhor assim, nos termos guardados no contato da nossa agenda. E enfeitar nosso erro mais bonito,  pra que não pareça que isso seja desvio de caráter, porquê eu prefiro acreditar em você, e cada palavra que você diz, mesmo sabendo que isso não se faz, acreditar nas pessoas. Eu não posso deixar você ir embora porque eu vivo de recortes da gente. Por mais recente que seja nossa pseudo-história, saiba que eu guardo você no fundinho do meu coração. Acho que é isso que me mantém aqui. Essa minha mania de achar que não vai haver tragédia romântica assim com mais ninguém. Eu não posso deixar você ir embora. Não é por amor. Longe de mim. Mas eu sinto falta da nossa compatibilidade sem sentido. Sem nada que justifique essa vontade de ficar uma hora ao telefone – e concluir no minuto seguinte que a gente não dá certo junto, pela milésima vez.  Eu não posso deixar você ir embora. Por mil motivos e por mais nenhum. Pela minha lógica sem sentido, de quem tem tanta coisa para dizer, mas prefiro que você perceba. Eu não posso deixar você ir embora, é por isso que eu termino esse texto com reticências…

Livre, Leve e Louca

Ela é livre, rapaz, e por isso não tente prendê-la a você, não pense que os gostos e sonhos dela se resumem aos seus. Ela é do tipo que quando mergulha em algo é pra valer, por isso ela vai te bagunçar inteirinho, vai te tirar o sono no meio da noite e vai entrar em teus pensamentos quando você menos esperar. Ela é daquelas difíceis de convencer, ela só vai te dar as mãos e topar ir com você quando se sentir segura, portanto, nem adianta insistir ou tentar apressá-la, ela só vai entrar em você quando encontrar conforto suficiente do lado de fora. 

Ela é desconfiada demais, de vez em quando ela vai olhar como se não acreditasse em você, como se tivesse a sensação de que você esteja escondendo algo dela, mas depois você percebe quanta segurança e firmeza essa menina carrega dentro de si. Ela só tem receio de que você seja como todos os outros. Ela vai te fazer se sentir seguro até que você perceba que até os seus medos são corajosos.

De vez em quando ela esquece onde colocou as chaves da porta, mas ela não vai te esquecer jamais, por isso é bom que você não a esqueça também. Enquanto ela falar com você, tentar conversar sobre o relacionamento, considere isso uma forma de se importar contigo. Comece a se preocupar quando ela se calar de vez. O silêncio dessa menina às vezes diz mais do que mil palavras que saem da boca dela.

Ela é leve, rapaz, e por isso ela se desfaz de tudo que é inútil na vida dela. Por isso que ela deixa pra trás quem não foi capaz de somar e se você for só alguém sem nenhuma intenção de fazer a diferença na vida dela, você também vai ficar pra trás. Ela vai jogar fora todo desconforto, deixar que passe toda decepção, abandonar tudo aquilo que não trás conforto, deixar levar às lágrimas porque o que ela quer mesmo é plantar sorrisos e desfilar a sua liberdade por aí.

Ela é louca, rapaz! Louca por desejar sempre mais. Por estar sempre disposta a se entregar por inteira e sabe que não faz sentido doar-se pra alguém com tão pouco pra oferecer. Ela é louca por mergulhar de cabeça e querer sempre ir mais fundo, por desejar sair da mesmice e sempre procurar caminhos que levem a novas rotinas. Ela é louca por não suportar o comodismo, por querer que o amor esteja sempre vivo, por estar sempre tentando pra que ele sobreviva ao tempo e ao desgaste.

Ela é louca por se jogar sem paraquedas, por pagar pra ver, por dar sempre o seu melhor sem ter certeza de que o outro dará o mesmo pra ela. Ela é louca por ser sincera demais em um mundo que mentirosos a gente encontra em cada esquina. Ela é louca por dar o corpo e alma quando se apaixona por alguém, por proteger quem ela gosta mesmo sem armaduras, por descobrir a cada dia quem ela é, e assim, se tornar uma mulher ainda mais livre, leve e louca. 

Iandê Albuquerque

Não desiste de mim

Quero poder mergulhar nesse amor sem medo de você resolver só molhar os pés. Sou vendaval e o morno me entedia. Meu negocio é ferver. É queimar e até doer. É carne, osso, o que sangra e não tem receio de pedir perdão. Gosto de quem me joga no sofá e brinca distraído com os meus dedos.

Eu vou saber ser calmaria, amor. Eu vou saber andar devagarzinho quando precisar e te dar espaço para arrumar as coisas de dentro. Mas alguma hora eu vou correr e vou precisar que você venha comigo e não deixe eu me perder. Se por acaso eu quiser fugir pega minha mão e me diz o quão tola tenho sido, desembaça minha vista e me faz ver que todas as dores do passado não importam mais.

Tic Tac, não me atrase. Tic Tac, não se atrase. E vê se não desiste de mim. Não me descarta feito um papelzinho de bala voando pela sua janela do carro. Não me deixa olhar pra trás e já ter te perdido de vista, não pensa que é tarde demais para nós. Se me achar confusa demais me descomplica, me tranquiliza.

Não vou precisar de muito. Você escolher ficar já vai ser a maior prova de que isso é real. Olha nos meus olhos e enxerga a verdade quando minha boca quiser gritar.

Eventualmente eu vou errar, não saber como prosseguir ou só vou me deitar no seu peito aonde palavras não são necessárias. E vou precisar que você respire fundo, me desculpe, caminhe comigo, me aqueça.

Quando meu corpo e minha mente se cansarem, quando nossa energia se esgotar eu vou te fazer cócegas e reacender tudo. Eu te acalmarei também, te levarei para um recomeço com outros “nós”. Mais maduros e perdidamente apaixonados. Te conduzirei com passos leves e corações firmes.

E se ainda sim essa bagunça que eu sou for demais para você, tudo bem. É um risco que aceito correr e uma luta que no fim das contas vale a pena.

TATIANE ARGENTA

Esse texto não é sobre você

Esse é um texto sobre as cartas que nunca tive coragem de mandar,
Sobre as músicas que você nunca prestou atenção na letra,
sobre o cheiro do teu perfume no meu moletom,
Sobre a forma que nós encaixavamos como peças correspondente ao mesmo quebra cabeça,

Sobre sempre estar indo na direção contrária à você,
sobre imaginar nosso futuro com pessoas estranhas,
sobre correr cada vez mais longe, do que éramos,
sobre o meu corpo cansado de decepção,
sobre como dói te ver ir,

Sobre o que não pode ser escrito por ser real demais,
Sobre as coisas que eu não posso mais confessar,
sobre o cara que eu conheci semana passada,
Sobre como é bom gostar de alguém com o currículo de decepções limpo,
Sobre como eu sinto sua falta mas nunca vou admitir,
Sobre como minha vida era Alegre antes de você aparecer,
Sobre como eu desejo que você se foda, altruísmo é o caralho,

Será que podemos voltar ao dia que éramos completamente estranhos e nos encatarmos mais uma vez? Só pra eu lembrar porque eu gostei de você. Deixa eu pedir mais um favor? puxa mais um assunto, manda mais uma musica, um texto, uma risada e um desabafo? Me liga uma última vez, e permaneça 4 horas no telefone, e no dia seguinte, finja que não nos falanos há meses, Podemos voltar a quem éramos antes de sermos isso? Posso voltar aos dias em que você me escrevia textos comatosos e me fazia chorar? Podemos voltar à quando fugiamos da nossa vida, e não viamos o tempo passar? Porquê eu não me lembro. Seu rosto se assemelha a uma pintura abstrata.

Você transformou meus últimos meses em uma meia lágrima que eu não tenho coragem de deixar cair, um texto sem fim, uma foto estranha de quem realmente não fomos mas que soa tão sem graça sem nenhum filtro ou sem nenhuma pose, sobre uma história inacabada, por que você continua insistindo em algo que não muda. É
É não saber o que falar até que algo tenha que ser dito, é quem somos quando ninguém nos vê, quanto ninguém nos sente e ninguém nos sonha, é aquela musica que me toca e te ouço mesmo com teus silêncios. É o acaso que nos torna amantes do raro e você é tão raro quanto todo repetido pôr-do-sol que alcança a minha janela e implora pra ser visto. Você é toda lua cheia, toda tempestade que fecha o quarteirão e assusta quem sente pouco. Toda poça d'água que é feita do que te fere e atinge todo mundo ao redor mesmo quando não chove. Talvez seja também aquele sopro que vem do nada e me manda embora quando eu só tenho como opção ficar, mesmo que sempre indo, mesmo que nunca existindo. Mesmo que mendigando uma presença tua em cada mensagem que não chega, em cada estrofe, em cada refrão, em cada choro por não ter você mesmo sabendo que nada te faz mais meu do que você já foi.

Te queria por um dia dentro dos meus olhos te olhando como te vejo

como me escondo em cada traço do meu rosto

mesmo que nas olheiras de noites não dormidas

mesmo que no riso frouxo, aquele que não te pede e só grita

mesmo quando tu fala dos seus rolos, e eu finjo achar graça, pra não confessar que eu gostaria que fosse eu,

mesmo que te veja planejando o futuro com outro alguém

Quando se perde dentro da imensidão que você não sabe que é e não te encontro em canto algum dentro de si mesmo tão perto de mim. Poder sentir teu próprio perfume e saber que é como uma droga pra mim. Se abraçar e saber que é lá que eu queria estar até que o tormento acabe, te dar a mão e caminhar consigo mesmo até que perceba que eu também sou você e perdidos nos procuramos sem saber que já estamos aqui. Aqui nessa confusão que é tirar o cabelo do rosto trinta vezes por hora pra te enxergar da maneira mais limpa e bonita que posso, mas também me esconder atraves das mechas que me escondem de você. Aqui nesse eterno beco sem saída que é não ter pra onde escapar quando te vejo morrendo em cada caminho sinuoso que você se enfia, numa esperança burra que seja diferente, em cada sonho que não vai ser sonhado mais de uma vez, em cada afago que perde o valor. Se olha dos meus olhos e repete que nunca me deixará ir embora de ninguém além de você.

E em caso de não ter pra onde ir, me guarda no seu coração, 
onde tudo é tão pequeno perto do que temos
e de quem somos quando temos um ao outro
que não sei não ser só

Pra um coração que sempre bateu fora do peito e usa palavras grandes como sempre, nunca, amanhã e nós 

Essa é uma despedida, adeus meu bem. 

Sobre estar/ser solteira

“E os namoradinhos?”A tia que faz a piada do pavê ou pacumê vai me perguntar. Aí vou sorrir e responder: “Estou solteira!”. E logo depois vem aquela cara de: “nossa, coitadinha”, quando ao meu ver era a hora certa da pessoa me abraçar e pularmos gritando: “Parabéns!” Sabe, realmente não entendo essas pessoas que colocam o fato de encontrar uma pessoa como sendo um dos objetivos primordiais da vida. Como se a ordem natural fosse: nascer, crescer, conhecer alguém e morrer. A meu ver, não é assim. As pessoas se dizem solteiras como quem diz que está com uma doença grave, alguém que precise de ajuda. Não é nada disso. Existe sim vida na “solteridão”! E das boas. E isso não quer dizer farra, putaria, poligamia ou promiscuidade. Aliás, quer dizer sim, mas só quando você tiver afim. No mais quer dizer liberdade, paz de espírito, intensidade. E olha que escrevo isso com algum conhecimento de causa, já que tenho vários anos de namoro no currículo. De verdade, do fundo do coração, eu estou muito bem solteira. Acho até que melhor que antes. Gosto de acordar pela manhã sem saber como vai terminar meu dia. Gosto da sensação do inesperado, da falta de rotina e de não ter que dar satisfação. Gosto de poder dizer sim quando meu amigo me liga na quinta-feira perguntando se quero viajar com ele na manhã seguinte. De chegar em casa com o Sol nascendo. De não chegar em casa as vezes. De conhecer gente nova todos os dias. De não ter que fazer nada por obrigação. De viver sem angústia, sem ciúme, sem desconfiança. Sem paranóia. De viver.  Acredito que todo mundo precisa passar por essa fase na vida. Intensamente inclusive. Sabe, entendo que talvez essa não seja sua praia. Ou talvez você nunca vá saber se é. Eu mesma não sabia que era a minha. O que percebo são pessoas abraçando seus relacionamentos como quem segura uma bóia em um naufrágio. Como se aquela fosse sua última chance de sobrevivência. Eu não quero uma vida assim. Nessa hora talvez você queira me perguntar: “Mas e aí? Vai ficar solteira para sempre? Vai ser assim até quando?” E eu vou te responder com a maior naturalidade do mundo: “Vai ser assim até quando eu quiser”. Quando encontrar alguém que seja maior que tudo isso, ou talvez alguém que consiga me acompanhar. E não venha me dizer que aquele relacionamento meia boca seu é algo assim. O que eu espero é bem diferente. Quando se gosta da vida que leva, você não muda por qualquer coisa. Então para mim só faz sentido estar com alguém que me faça ainda mais feliz do que já sou, e como sei que isso é bem difícil, tenho certeza que o que chegar será bem especial. E se não vier também está tudo bem sabe? Eu realmente não acho que isso seja um objetivo de vida. Não farei como muitos que se deixam levar pela pressão dessa sociedade. Tanta gente namorando pra dizer que namora, casando pra não se sentir encalhado, abdicando da felicidade por um status social. Aí depois vem a traição, vem o divórcio, a frustração e todo o resto tão comum por aí. Não, não. Me deixa aqui quietinha com a minha vida espetacular. Pra ser totalmente sincera com você, a real é que não é sua situação conjugal que te faz feliz ou triste. Conheço casais extremamente felizes e outros que estão há anos fingindo que dão certo. Conheço gente solteira que tem a vida que pedi para Deus e outros desesperados baixando aplicativos de paquera e acreditando que a(o) ex era o grande amor e que perdeu sua grande chance. Quanta bobagem. A verdade é que só você mesmo pode preencher o seu vazio, e colocar essa missão nas mãos de outra pessoa e pedir pra ser infeliz. Conheci sim vários casais incríveis, assim como tantos outros que não enxergam que estão se matando pouco a pouco. Só peço que não deixem que o medo da solidão faça com que a tristeza pareça algo suportável. Viver sozinho no início pode parecer desesperador, mas de tanto nadar contra a maré, um dia você aprende a surfar. E te digo que quando esse dia chegar, você nunca mais vai se contentar em ficar na areia. Desse dia em diante só vai servir ter alguém ao seu lado se este estiver disposto a entrar na água com você.

Créditos: Precisava Escrever

Ela é só dela

Experimentar. Ela dorme com uma vontade e acorda com outra. Não é difícil conseguir o seu interesse, o desafio é mantê-la interessada. Não tente mapeá-la. Não tente entendê-la com as suas fórmulas baratas. Não tente dizer o que é certo ou o que é errado. Lembre-se! Ela é só dela. Dos seus sonhos, dos seus devaneios e das suas verdades. Ela pensa fora da caixa. Fora do padrão. Fora de tudo aquilo que todo mundo acha certo. Ela prefere à janela do quarto do que à TV. Ela não dispensa uma barriga sarada, mas faz mais questão de uma mente evoluída. Ela não acerta sempre, mas sempre erra os seus próprios erros. E segue em frente. A fase de lágrimas ficou no passado. Agora ela segue distribuindo sorrisos e conquistando corações. Vai derrubando os seus medos e desvendando novos sabores. Novos amores. Novas sensações. Ela é só dela. Ela é do vento, do mar, do sol e da lua. Ela é de lua. Ora parece insensível, ora abraça a criança carente no sinal. Ora quer pegar a estrada, ora quer ficar o dia inteiro na cama. Não tente entendê-la. Não tente prendê-la. Não ouse rotulá-la. Ela é só dela. Das suas loucuras, da sua instabilidade e dos seus planos. Ela é aquele dia ensolarado que termina em tempestade. Aquele jardim de pedras de onde brota uma única rosa. Um surfista que não abre mão do mar. Ou você surfa junto, ou é melhor ficar na areia e admirar. Ela é só dela e vai ser sempre assim. Tem quem ache egoísta. Tem quem ache cruel. Só não há quem não se apaixone. Pobres, mortais. Não adianta. Ela é só dela.

Créditos: http://precisavaescrever.com.br/ela-e-so-dela/

De mil amores, o próprio...

Ah se você tivesse me mandado uma mensagem às 2am e me feito ir dormir feliz naquelas noites que eu sentia sua falta, ah se você tivesse me percebido, todas as vezes que eu usava aquela camisa da sua banda favorita, ah quem dera que você não fosse cruel, a sua futilidade não seria tão ferina. Ah quem dera se você tivesse dito sim naquele domingo chuvoso, em que eu perguntei se você ainda se lembrava da gente, ah quem dera se a sua imagem utópica respirasse, mas eu não te culpo, você cresceu e a sua futilidade filha da puta está te comendo vivo, hoje você não passa de uma parte abstrata da minha vida, que eu preferia ainda lembrar dos momentos bons mas não dá, você me machucou tanto que os meus joelhos nem dói mais.

Ontem eu lembrei daquela época que eu acordava cedinho pra passar o dia na casa dos seus avós. Talvez mês que vem eu comece a fumar e escrever uns textos sobre finais sobre nós às 3 da manhã, mad eu não vou dormir chorando agarrada ao travesseiro desejando que a sua nova namorada seja horrível, mais. E pode ser que eu conheça alguém menos bonito na fila do pão. Mais inteligente, Menos fútil, mais engraçado, menos você. Essa abstinência de você que me enfraquecia as pernas, nunca me impediu de mudar de calçada. Hoje, depois da nossa última conversa, eu finalmente pude ver com clareza onde eu errei, e dessa vez você estragou tudo, mas eu te agradeço, eu precisava disso, ver com clareza as reticências pra poder colocar o ponto final. Eu fiquei meses me agarrando ao seu último “Eu te amo.” com medo de deixar isso escapar das minhas lembranças, deixei que as decepções que você me causava, parecessem menos graves, mas não eram. Tive medo de esquecer o som da sua voz cantando aqueles trechos de Charlie Brown Jr, e me fazendo rir. E cada vez que pensava em nós, me perguntava onde foi que eu errei, por muitas vezes me diminui pra que você não se ofuscasse, noites eu me odiei por não ter olhado no seus olhos e pedido desculpa por aquelas brigas, ficava me remoendo por não ter demorado um pouquinho mais na ultima vez que nos vimos, por não ter dito algumas coisas. Mas hoje eu percebi que você é pequeno demais pra mim. E vou aproveitar que nós terminamos pra dizer que as suas piadas nunca tiveram graça. O seu perfume? Cara, como era enjoativo. Eu nunca li algo inteligente no seu twitter. Eu achava interessante as suas frases prontas, e você nada mais é do que um rosto bonito. Não tome isso como elogio não. Não adianta uma sacola de pães ser bonita, se os pães estão dormidos. Sabe, se estiver muito ruim ai também, não perde seu tempo me odiando não. Engraçado eu escrever essas coisas para você, eu te amei tanto, que pensei que seria para sempre, mas agora é apenas uma briga de bar. Eu tenho pena de você não por não me ter mais ao seu lado, tenho pena do que você se tornou, você vive de aparências, e engata um relacionamento atrás do outro para se sentir menos sozinho na vida, eu não me arrependo de ter te amado, eu me arrependo de ter te conhecido. Parei de sentir saudade suas ontem. Um dia me perguntarão sobre o amor, e eu sei exatamente o que dizer. Eu tive mil deles, mas de todos eles, eu escolhi o próprio.
Eu não desejo que você seja infeliz, desejo de coração que você encontre alguém como você. Você merece.

Amor também é desistir.

Deixa eu te dizer uma coisa. Nem tudo que a gente quer ter, quer dizer que é realmente bom pra gente. Às vezes a gente tem uma mania de querer empurrar coisas que não fazem mais sentido na vida da gente por medo de encarar a realidade. Às vezes a gente acha que colocar toda sujeira pra debaixo do tapete e continuar em algo que não vale mais a pena, é o melhor caminho. 

A gente erra ao pensar que o amor é permanecer, é suportar absolutamente tudo e ficar independente de qualquer coisa. Mas a verdade é que o amor é, também, cair fora quando o outro não te respeita. É ir embora por que o sentimento não é recíproco, é deixar pra trás aquilo que não te acolhe mais, aquilo que só te machuca. Amor é saber abandonar o barco quando você estiver remando sozinho, é desatar os laços que se transformaram em nós apertados.

Amor é entender que nem sempre a gente fica com o amor das nossas vidas, que amar alguém pode durar uma semana ou uma vida inteira, mas que o amor deixa de fazer sentido quando só um está disposto, quando só um quer fazer valer. Amor é saber seguir em frente sozinho, é se virar com a dor da saudade e aceitar que um dia ela para de doer e você volta a agradecer pelo que foi embora. Amor é ter a consciência de que, se você se doou por inteiro e mesmo assim, o outro não enxergou a tua entrega, quem perdeu não foi você.

Amor é ter que abrir mão de alguém que você gosta pra caralho, porque você, por mais que tente, não consegue enxergar mais razões pra permanecer ali. Amor é ter coragem de dizer: ''chega'', de virar as costas, de se desligar de alguém que nunca está disponível pra você. Amor também é ter coragem de pôr um fim ao invés de adiar algo que já acabou faz tempo só porque você não consegue aceitar.

Até que ponto vale a pena ficar com alguém que não te traz paz, alguém que te tira do sério, alguém que estraga o teu dia, por amor? Uma hora a gente entende que amar alguém requer esforço dos dois lados. Que o amor não é uma disputa de quem alcança a linha de chegada primeiro, amor é caminhar lado a lado. E que amar a dois pode ser prazeroso quando se tem reciprocidade, mas quando isso não existe, se amar já é o suficiente. 

Dizem que a gente deve insistir, persistir e jamais desistir de algo que a gente quer muito. Mas a gente só deve insistir naquilo que realmente vale a pena, persistir no que faz bem e nunca desistir de quem quer ver a gente bem. Amor também é expulsar tudo aquilo que só te traz caos, porque o amor não deve ser um problema e sim, a solução. 

Autor: Iandê Albuquerque

Sobre o meu amor épico

Nós nos conhecemos aos 13 anos de idade, aos 17 ele entrou para a minha turma de inglês, e aos 18 conversamos pela primeira vez. Ele foi meu amigo nas noites de tristeza, e meu abrigo nas noite de solidão. Me pediu em namoro em uma quinta feira chuvosa de abril, e terminamos no estacionamento de um shopping. Ele pensava em casar. Pensava em filhos, e um emprego decente e um quintal enorme e muitos cachorros. Eu dizia que seria escritora, e que um dia escreveria sobre ele naquelas colunas que falam sobre amor. Eu pensava em Nova York. E Londres. E no pier da Califórnia. Pensava numa vida longe da tranquilidade que é o Brasil. Filhos? Hahahah. Queria escrever e morar num apartamento horrível e com as paredes descascadas, e viver uma paixão desajustada e aprender a fumar e encerrar minhas noites com um martini belvedere me perguntando o que há de errado comigo. Eu tinha acabado de fazer 19 anos e ainda não queria algo tão fácil.
Em um domingo de Setembro, eu estava jogada no chão da minha sala. Naquele dia nós saimos e sentamos na carroceria do carro dele e comemos um big mac silenciosamente. Preferimos isso a sentar em um restaurante e olharmos um para o outro e darmos conta que o erro éramos nós. “O que houve?”, ele questionou eu permaneci em silêncio e completou. “Estranha...”, Fazendo eu me questionar porquê amava ele.

Ele me olhou como se o problema fosse eu, e eu fiquei me perguntando o que houve com aquele garoto engraçado, que fazia piadas sobre a professora de Química no final do terceiro ano. Eu, do meu jeito torto, estranho, o amava. E chorando, muitas vezes prometi que o amava, e que sempre o amaria. Mas nós fomos parando de nos entender, estávamos sempre errados, depois de um ano e uns quebrados ele me olhou nos olhos no estacionamento do Shopping, e jurou que não dava mais, porque os risos deram lugar às brigas, nossos problemas se tornaram dramas, nosso amor se tornou insegurança, que se tornou paranoia. Eu disse que o amava, e eu acreditei nisso por mais tempo do que deveria.
Três meses depois lá estava eu, vendo ele seguindo em frente, e não sabia como fazer o mesmo, eu vi ele se apaixonar novamente, e abraçar pessoas vazias, passei a ficar mais tempo querendo saber dele, do que de mim. Vi ele seguir em frente, e transformar nosso amor épico, em uma briga de bar. Saber se ele estava bem, foi minha justificativa para cinco meses depois, ainda me pegar abrindo nossas conversas antigas, e querer saber dele. Eu me prometi que só queria saber se ele estava bem. Mas não era isso. Eu me convenci que só queria saber se ele tinha conseguido concretizar aqueles planos. Mas eu queria saber se ele ainda escutava a mesma música que ouvíamos juntos. Queria saber se ele conseguiu se formar na faculdade, ou se ele desistiu daquela idéia de se mudar para SP. Eu olhava para a foto dele com uma nova garota, tentava não me lembrar de como eu me sentia quando ele me segurava pela cintura.  Pensava que talvez eles fossem só amigos. Ou talvez essa fosse a prima dele. Ou irmã desaparecida. Mas não era.

Eu não tinha o direito de me importar com isso. Mas eu me importei. Eu não tinha o direito de fingir que ainda conhecia ele. Quando eu vi a foto dele com a ex namorada do meu melhor amigo, eu fechei o laptop, e chorei, chorei muito, porquê ele estava seguindo em frente, e eu estava ali, abraçada ao passado, agarrada ao meu único fio de esperança. Já tinha me torturado o suficiente. Mas assim que eu dormi, sonhei com ele. Sonhei que estávamos bem de novo, e ele me empurrava no balanço da praça 22 de agosto.

Era verão no início de 2016, e nesse dia choveu muito. Eu estava esperando a minha mãe fazer compras, e fiquei esperando ela, no estacionamento. Estava chovendo e eu estava encostada no carro e eu sentia que estava congelando. E lá estava ele do outro lado do estacionamento. Ele deixou a barba por fazer, o cabelo estava mais curto, nos olhamos por longos 20 segundos, eu idealizei esse reencontro tantas vezes, que perdi às contas de quantas vezes enfeitei aquele momento. Mas nesse dia, eu estava descabelada pela chuva, e ainda tinha molho de tomate na minha blusa branca. Queria tanto, correr pra ele, contar todas as coisas que tenho passado, quase deixei um riso se formar no meu rosto, mas lembrei que não posso. Dei as costas entrei no carro e fiquei ali, deixando que a chuva disfarçasse o choro.
Naquele dia eu fui pra casa, e terminei a noite assistindo algum seriado. E dormi, agarrada à uma foto no meu celular.
Dormi e novamente sonhei com ele. Desta vez minha mente reproduziu o episódio na carroceria do carro dele, dormiamos ali, apenas isso, seu abraço me acolhia. O momento depois de acordar foi o pior de todos. Eu senti que estava dormindo no braço dele, o sonho foi tão real, que eu senti que a gente nunca tivesse terminado. Eu acordei e dei de cara com a realidade. Lembrei o quão fácil era amar e ser amada, lembrei que o amor era recíproco, mas o orgulho também era, assim como o egoísmo.
Eu peguei meu celular e dei uma olhada no instagram, precisava preencher minha mente com alguma coisa que não ele. Mas a cada vez, sentia uma necessidade de saber dele, eu imaginava ele brigando com sua nova namorada pelo controle da TV e sorria pensando nisso, e lamentava por ela ser tão sortuda. Dois meses depois de encontrá-lo no estacionamento, outra foto surgiu: ele e a garota do corpo em forma de ampulheta no boliche. Senti um nó no estômago quando entendi que ela era alguém presente na vida dele. Olhei aquela foto e me perguntei se ela gostava de esportes, se assistia futebol com ele, aos domingos, e o zuava quando flamengo perdia. Ou só estava lá pela cerveja. Ou se ela só estava se esforçando pra ele acha-la legal. Ou se eles estavam mesmo se divertindo. Vi eles juntos, aparentemente felizes, ainda assim não aceitava que ele tinha superado. Esperava para talvez em alguns anos – eu sempre lembrava daquela promessas que eu nunca saberei se eram reais, ou fruto de uma imaginação fértil. Eu não conseguia aceitar que ele estava se apaixonando por outra enquanto eu ainda o amava. Naquela época, eu não entendia que o amor podia ser algo tão platônico e triste. Eu chorava na minha cama quando pensava que ele podia falar para ela coisas que tinha falado para mim, ou que olhava para ela da mesma forma que olhava para mim. Estava tão triste que sentia dó dela. Talvez eu fosse o amor épico dele, e ela só uma página. Pensei que para homens é mais facil seguir em frente. Fantasiar a verdade sempre foi meu dom.
Eu pensava nele deitado na carroceria do carro, olhando para o céu, desejando que aquela garota fosse eu. Era mais fácil imaginar que ele também pensava em mim, do que aceitar que o fato de que ele não me procurou: porque ele não me amava mais.

Olhava para a foto do perfil dela e depois para a do meu, e pedia pra minha melhor amiga comparar nós duas. Ela era loira também, tinha o sorriso grande. Olhava para nossos perfis e via tudo que a gente tinha em comum, e tudo que a gente não tinha. O rosto dela é mais ânguloso, e ela tinha sardas, meu cabelo é mais loiro e minha pele mais clara. Meu sorriso não é tão grande. Ela parecia sair mais pra baladas, e aparentemente não tinha cachorros e não gostava de séries. Ela parecia passar horas se arrumando, e eu penteava o cabelo quando dava. Ela gostava de sertanejo universitário, e eu Rock alternativo. A gente tinha muitas diferenças, mas também algumas familiaridades óbvias: amávamos nossas famílias, nossos amigos, algumas músicas, os animais e o mesmo cara.

Foram meses assistindo eles se marcarem em fotos em família até a mudança de apartamento de estações e status  no facebook. Eu sofria vendo a sua familia especulando um possível casamento nos comentários. Retuitava umas indiretas, e percebi quando ela ficou amiga da sogra. Fui a espectadora da viagem para Porto Seguro deles, enquanto ele usava um cordão do AC/CD que foi presente meu. Vi ela dirigindo o carro dele, o mesmo carro em que nos beijávamos. O mesmo carro que nos amamos, o mesmo carro que terminamos.
Eu vi o relacionamento deles chegar a fases que o nosso não tinha.
Eu me perguntava se eles brigavam. Me perguntava se brigar pelo controle da TV era algo bonitinho, ou também a irritava. Me perguntava se ela também queria o quintal grande, e cachorros, e três filhos, e mais um casal de gêmeos ou sonhava alto como eu.
Eu falei tanto nele que esqueci de mencionar a lista de pessoas que eu conheci e nenhuma delas boa o suficiente pra me fazer não querer saber dele.
Eu queria saber o que ia acontecer com eles. Se eles iam ficar juntos. Ou, talvez o namoro caisse na rotina. A única coisa que eles não combinavam, era o signo. Planejava até o vestido que eu usaria no dia que eu invadiria o casamento deles, e diria: Você não pode casar com ela, ela não é o amor da sua vida, eu sou. como Naomi e o Max em 90210.

Apesar de tudo, nunca falei com ele.

Eu ainda queria ser escritora, sonhava em ir pra Nova York morar com o meu pai. E Londres com minha avó. E talvez na  Califórnia sozinha. Nada tinha mudado. Eu gostava do olho que ele fazia quando não estava pronto para a foto, aquele quase sorriso tímido. Ele me lembrava de como era me apaixonar, olhava para o número dele, com a mesma malícia que uma criança olha para a campainha de uma casa qualquer, tinha vontade de puxar algum assunto e sair correndo. Era tão bom ter ele ali, tão perto mesmo que ele não estivesse. Eu não me achava obsecada como a Bess no filme Crush, mas talvez eu fosse. Assistir a vida feliz de alguém, não é saudável. Mas foi uma forma que encontrei de sentir que ele ainda era meu.
Alguns meses depois com o passar do tempo, parei de me perguntar sobre ele. E quando ele publicava alguma foto com ela, não doía mais tanto. Até que vi o relacionamento deles chegar a um fim. E novamente vi ele seguir em frente de novo. Mas desta vez ele se tornou um incômodo familiar como um corte cicatrizado, que quando você aperta, ainda dói. Passava mais tempo sem querer saber dele. Às vezes me pergunto como ele está, mas logo começo à pensar na tarefa de alemão pendente. Eu não conheço mais ele. Ver ele seguindo em frente, me faz pensar como fui capaz de amar e que sou digna de ser amada também. E percebi que quando você ama alguém, mesmo, ama pra caralho, você também desiste, porquê quando não existe reciprocidade não existe amor .

Carta ao meu pai

Pai,

Eu não me lembro, mas a mãe me disse que quando pequena eu chorava cada vez que o você saía para trabalhar. Dormia no meio da cama, invadia o banheiro e tomava banho junto com você. Na infância pai não é pai, é super herói. É anjo da guarda, é protetor. Lembro de dizer que você era o homem da minha vida. E também lembro de você me dizer que eu só poderia namorar depois dos 25 anos, ou só quando eu achasse um príncipe, porque era o que eu merecia e não menos que isso. Me fazia sentir única, linda e uma princesa com coroas invisíveis. Bem, as coisas foram mudando conforme fui crescendo. Eu já não chorava quando te via partindo, porque eu estava ocupada demais brincando com as minhas bonecas e jogos maneiros que ganhava.
Eu já não te via como o homem da minha vida, porque tinha meninos interessantes na escola e que me faziam suspirar feito boba, quanto eu era de fato. Também já não achava mais poético acreditar que você era meu herói, porque isso era coisa de filmes hollywoodianos. Por uma fase meio estranha, que nem eu me aguentava, por não saber qual personalidade eu tinha, você me ajudava. Me aconselhava em cada dúvida que eu tinha. E mesmo com o seu super conselho de namorar depois dos 25, eu me entreguei para alguns sapos adoráveis disfarçados de príncipes. E na decepção, lá vinha você de novo, me vendo soluçar por quem não merecia minhas lágrimas e não vinha carregado de razão dizendo “eu te avisei”, com seu jeito ogro também não me dava colo, isso é coisa de mãe, mas com o coração apertado e de uma maneira leve dizia “você tem que gostar de quem gosta de você”. Com o tempo a gente aprende a valorizar quem sempre e deixa de lado quem nunca. Família é sempre. Então, pai, me desculpe por todas as vezes que eu me distanciei, me auto convencendo de que mesmo te achando o melhor pai do mundo, os caras da escola mereciam mais a minha atenção.
Me desculpe por todas as vezes que respondi suas broncas, questionando sua capacidade de entender algo sobre relacionamentos ou sobre a vida. Mal eu sabia que o mundo não é cor de rosa e tampouco fácil. Me desculpe por todas as vezes que eu saí de casa enfurecida por achar que só existe a minha verdade, o meu umbigo. E me desculpe por cada afastamento meu, por mudar as prioridades da minha vida, colocando meus amigos num pedestal e colocando minha família em lembretes no calendário em datas comemorativas. Amadurecer não é fácil. E você já sabendo de tudo e das façanhas da vida, brigava tanto comigo, tentando me mostrar de um modo sensível que nem tudo são flores, e para assim talvez, me poupar de algumas enrascadas e até de alguns choros. Portanto, mesmo crescida, os sentimentos que aprendi quando criança são eternos. Hoje eu choro só de imaginar sua partida, continuo sendo sua princesa mesmo sem coroa, encho a boca para falar que você é o homem da minha vida e que sim, existe heróis na vida real e eu tenho o meu. Só posso te agradecer pela educação simples que me deu e pelos conselhos ricos, quem eu sou hoje é só um reflexo seu.

Obrigada pai, por me amar quando eu menos mereci e quando mais precisei. Eu te amo.

Autor: Ana da Mata

Sinto falta de sentir falta

Resolvi sair da minha bolha, das minhas páginas em branco, das minhas quatro paredes. Desde que eu te superei minha inspiração atrofiou, foi como se eu te arrancasse de mim, e meus infinitos textos com coisas que eu sempre tenho a dizer fossem, com você.  Depois de você, tenho andado por aí buscando algo que faça sentido nesse mundo louco, e percebi que eu nunca me encontrei porquê nunca me perdi. Pensar nos eleva e também nos leva ao caos, depois de você tenho lembrado até do senhor que me perguntou as horas na fila do pão, dizem que mente vazia é moradia do diabo, e até fantasmas do passado tem me visitado, e se abrigado no lugar que era seu, foi como se eu simplesmente tivesse te desligado de mim, como alguém que desliga a TV. Esvaziar-se é necessário, mas se afogar em fantasmas do passado é nojento. Mas, não falo sobre um esvaziamento do tipo que se possa ser aproveitado o espaço, eu sinto falta das noites de insônia que você me causava, e da ansiedade que agregava a cada mensagem, sinto falta de sentir sua falta. Te esquecer foi difícil, mas eu te esqueci tanto que o seu rosto na minha memória é apenas um rabisco abstrato. Queria não ter te esquecido. Um esvaziamento emocional é a doença do músico, compositor, pintor ou poeta. Te faz se sentir bem do mesmo modo que te faz se sentir mal. Andei pensando porquê minha inspiração atrofiou, e desligar-se das pessoas não deveria ser considerado algo bom, eu esqueci tudo sobre você, mas eu não queria, agora estou lembrando de algumas pessoas que conheci antes de você, e me perguntando o que há de errado comigo, porquê delas eu me lembro, você que foi meu amor épico, piegas e bonito, não. Não sei se foi a Yoga ou meditação, nunca tornei meus pensamentos não processáveis pelo meu cérebro ou pelo meu eu poético, que faz ver beleza nas coisas mórbidas. Volto para escrever, para me deixar sentir as coisas que simplesmente vem e vão. Coisas que nunca parou de ter sentido, hoje não fazem mais. 

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