Eu não tenho medo de voar. Eu tenho medo de estar fechada num lugar e de ter escolhido estar fechada nesse lugar. Eu tenho medo de me ancorar em algum lugar e esquecer que eu posso ser livre. Tenho medo de te amar e esquecer que eu tenho o mundo inteiro pra ir. Eu tenho medo de segurar em você, e você me soltar e me deixar cair. Tenho medo de não ser o seu sorriso favorito, e me contentar em ser um dos seus favoritos. Se for pra me amar um pouquinho, não me ama não. Tenho medo de ser âncora e não um balão. Tenho medo do alívio que é ser só, me amedrontar, e me contentar com uma vida mais ou menos, sendo amada pelas metades, me ver daqui uns anos no mesmo lugar e me perguntar "que merda é essa que eu estou fazendo? Eu não sou a porra de um passarinho?".
Agora, se eu pudesse escolher o maior de todos os medos, eu diria "você desconfiar que atrofia todos os meus sentidos". Você me deixa cega, surda, muda e sem inteligência, a vontade de falar com você o tempo inteiro mesmo sabendo que você é uma droga, e eu um corpo em pré-disposição. A vontade de te contar que é de você que eu meio que gosto, e o medo de você se assustar e fingir como um pássaro engaiolado, porque eu sei a responsabilidade que é carregar a expectativa de alguém. Estou voando há anos, mas não que eu queira me ancorar em você, eu só queria ser livre, mas com você.
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