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Carta de: Eu 2018, Para Eu 2019

Que você se torne tão forte e corajosa que ninguém seja capaz de te fazer duvidar de si. Mas, desejo também que ninguém tenha a capacidade de te fazer endurecer ao ponto de se tornar fria e calculista com os corações alheios.
Que as decepções, por maiores que sejam, que as dores, por piores que sejam, só te façam mais humana e não menos humanizada. Eu desejo que você tenha paciência para lidar com o seu crescimento, com o seu caminho e sabedoria pra escolher por onde ir.
Desejo, do fundo do coração, que você não perca, por nada e nem por ninguém essa esperança genuína de que o mundo é um lugar bom, de que as pessoas são boas e de que sentir, por mais que dê medo, é bom também.
E, falando em sentimento, desejo que você não esconda nenhum. Que assuma a tristeza, a dor, a raiva, a felicidade, a empolgação e, depois, deixe ir. Não se apegue a nenhum sentimento, seja ele bom ou ruim. Sinta, vivencie e abra mão. São passageiros, tanto quanto nós.
E eu desejo pessoas boas no seu caminho para que reforcem a visão que você tem sobre esse tipo de gente. Mas, que você também conheça algumas pessoas amargas, não tão boas assim, para que aprenda a lidar com elas, sabendo que nem sempre você pode ajudá-las e para que elas equilibrem seu jeito entregue de ser, para que você aprenda quem merece sua intensidade e quem não merece uma gota do que você transborda.
E eu desejo que você siga sendo luz, mesmo que por vezes, seja só faísca, mas que não se deixe apagar por quem tentar te diminuir, por quem tentar trazer para a superfície os seus defeitos, por quem tentar te fazer menor para caber naquilo que é confortável e conhecido.
Você nasceu para ser grande, para fazer a diferença, para ser do jeito que é. Por isso, repito, que você não tenha medo de ser quem é, que não se acovarde e não pare no meio do caminho na esperança de que, aqueles que ali estão, queiram seguir com você.
Seja suficiente. Saiba que você se basta. Seja humilde. Saiba que os outros são importantes. Seja esperta. Saiba compreender que alguns chegam, outros partem e quem tem que ficar, fica. E eu te desejo o mundo. Um mundo tão lindo quanto o que você vê ao olhar, primeiro, para o coração de cada um.

A minha ansiedade é um inferno particular

Muitas vezes me perco entre as minhas inúmeras ansiedades. Sinto como se elas testassem diariamente a minha capacidade de suportar uma enxurrada de dúvidas e, pior, tivessem o sadismo de resgatar algumas lembranças tristes que ainda me doem. As minhas ansiedades me corroem, me tiram o ar, literalmente, quando não me roubam as esperanças e o sorriso do rosto. São insistentes, conversam comigo em momentos que eu não gostaria de conversar e me deixam com algumas inseguranças que eu gostaria tanto que não me pertencessem mais.Elas são como aquelas amizades que um dia já amamos, já foram eufóricas, felizes e tiveram o seu momento de companheirismo na adolescência, mas, hoje, não fazem mais sentido.
Toda noite, quando o relógio insiste em fazer maratona pelas ruas do meu coração, me questiono por que a minha cabeça não esvazia como o meu coração já cansou de fazer? A ansiedade habita de maneira tão corriqueira dentro de mim, que algumas vezes já me peguei até com medo de ser feliz. Não sei, era como se eu não merecesse tal felicidade. Medo de ser feliz, qual o nome desta doença!? Me parece grave… No medo de errar, eu me apavorava e desistia; no medo de amar, pegava as minhas trouxas e fugia para a minha concha de retalhos emocionais; no medo da insuportável aparição da ansiedade; ficava por horas e horas entre as cobertas e com as luzes apagadas. Feito o melhor brinquedo do parque, a minha cabeça brincava de ser o carrossel que todas as crianças gostariam de brincar; subiam, pulavam, gritavam e batiam insistentemente os pés, enquanto eu girava, girava e girava, em um único movimento circular e repetitivo, sem nem saber o porquê.
Dividir com alguém as angustias das nossas mais íntimas, recorrentes e incoerentes ansiedades, é um sofrimento solitário. Solitário, pois, não converso sobre as minhas ansiedades com quem sinto que não se disporia a me ouvir. E por sentir que poucos conseguiriam dimensionar o meu sofrimento, me fecho em solidão, me permito silenciar a boca, os olhos e o acelerado bater do coração. Fico sozinho, brinco de catastrofizar as minhas próprias vivências e percebo que já estou ficando pós-graduado em antecipar desgraças que provavelmente nunca acontecerão. Fato é que só compreende a profundeza de uma crise de ansiedade quem já sentiu, quem já viveu, quem já criou laços de amizade com as obscenas e solitárias madrugadas, quem já latejou a cabeça em busca de soluções que não existem, e caso existam, só dependem do nosso, nem sempre amigo, tempo.
Abafar os pensamentos é uma constante agonia que carrego comigo desde pequeno. Acenar para a minha autoestima no quesito amar é uma luta diária e que oscila com o meu emocional. Lembrar que as nossas vidas ainda terão muitas boas notícias por vir é uma mensagem que escrevo em um pedacinho de papel e deixo na porta da minha geladeira para ler todos os dias pela manhã. A verdade é que não sou uma pessoa triste, longe disso, mas, às vezes, quando imergido nas profundezas das minhas mais íntimas e confusas ansiedades, infelizmente, me esqueço deste pequeno detalhe.

Dedico este texto a você que também é refém da ansiedade

Oi, tudo bem? Eu só queria te dizer que estamos no mesmo barco. Eu também sei como é sentir o peso das escolhas antes mesmo delas serem feitas. Eu também sei como é passar noites em claro pensando em algo que você só irá fazer daqui duas semanas, dois meses, ou dois anos. Eu também sei como é perder o apetite, a concentração, e até mesmo a cabeça; apenas tentando encontrar soluções para um problema que nem chegou perto de acontecer. O que eu quero que você saiba é que eu entendo o que você sente. E que, juntos, podemos tirar das mãos do futuro todos aqueles sentimentos que nos impedem de chegar onde o presente nos espera.
A ansiedade pode nos afetar de diversas formas, e, por isso, cada pessoa apresenta um ponto fraco diferente. Pode ser que você perca noites de sono pensando naquela apresentação em público na sua faculdade. Pode ser que você não se sinta confortável em fazer novas amizades, ou que você se preocupe em excesso com coisas que nem merecem a sua atenção. Toda pessoa ansiosa trava uma batalha diária com o medo; o medo de não ser boa o suficiente, o medo de se relacionar com pessoas diferentes, o medo de sair da sua zona de conforto.
Justamente por isso, todo refém da ansiedade também é um perfeccionista, pois carrega dentro si a obrigação de não deixar ninguém perceber que alguma coisa passou batido. E esse medo de errar acaba sendo o seu maior freio de mão frente à realidade que o cerca.
Estou escrevendo este texto pois eu ainda sou um deles. Apesar de já conseguir encontrar atalhos que já não me levam em direção a ruas sem saída, eu ainda me perco, às vezes. O que eu quero que você saiba, eu que eu já não me perco mais como antes, pois, hoje, eu sei por qual caminho eu devo seguir. Eu já perdi amores, já perdi dinheiro, já perdi amizades, mas eu nunca perdi a esperança de me encontrar novamente. E é por isso que eu quero que você não desista.
Muitas pessoas não conseguirão enxergar o seu problema. E muitas outras irão te deixar pelo caminho. Você precisa ser forte. Mais forte do que você já vem sendo durante todo esse tempo. Apesar de você ainda não conseguir enxergar muito bem além da curva, eu te garanto que essa caminhada vale a pena. A vista do lado de cá é linda, e libertadora também.
Permita-se chorar em dias nublados, você não precisa ser sol todos os dias. Saiba qual é o tipo de pessoa que merece estar ao seu lado e também que merece ficar para trás. Você não precisa carregar peso desnecessário. Você só precisa aprender a ser suficiente. Você não precisa agradar a ninguém além de si mesmo. Quando o mundo estiver pesado, pare para descansar. Livre-se da obrigação de ser sempre forte. A fraqueza, às vezes, é a fortaleza das pessoas que são mais coração do que razão.
Você pode ser quem quiser, pode chegar onde quiser, e também pode sair dessa, se quiser. Ninguém entende mais de superação do que você, não é mesmo? Lembre-se: estamos juntos.
Em breve nos encontraremos do outro lado da curva. =)
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